Em projeto audacioso que poderia redefinir o futuro da energia renovável, a China revelou seus planos de construir gigantesca estação de energia no Espaço, descrita como equivalente à construção da Barragem das Três Gargantas, a 36 mil km acima da Terra.
Enquanto o mundo ainda depende fortemente de combustíveis fósseis, como o petróleo, especialistas e engenheiros estão trabalhando em soluções para tornar a energia renovável, como a solar, mais eficiente. Embora os avanços em energia solar tenham sido significativos nas últimas décadas, a ideia de levar painéis solares para mais perto do Sol apresenta grande potencial.

Comparação com a Barragem das Três Gargantas
A barragem hidrelétrica das Três Gargantas localiza-se na cidade de Yichang, província de Hubei (China) e cruza o rio Yangtze. Ela é a maior usina do mundo em capacidade instalada, com 22,5 mil MW.
Ela já chegou a deter, em 2014, o recorde de geração de energia em um só ano, com 98,8 TWh. A barragem possui 181 m de altura e demorou 19 anos para ficar pronta. Seu reservatório tem, de área alagada, 1.045 km², o equivalente a dez trilhões de galões de água.
Ideia de uma estação de energia no Espaço
- A proposta de criar uma estação espacial para coleta de energia solar não é nova;
- Entre as vantagens dessa abordagem está a capacidade de os painéis solares captarem mais energia, livre das interferências atmosféricas que absorvem ou refletem parte da radiação solar;
- Além disso, uma estação em órbita geoestacionária poderia estar constantemente exposta à luz solar, permitindo coleta ininterrupta de energia;
- A grande questão é como transferir essa energia coletada de volta para a Terra;
- A solução proposta é a transmissão sem fio, por meio de ondas de rádio de alta energia, que seriam recebidas por estações terrestres preparadas para converter essa energia em eletricidade utilizável;
- A construção de tal estrutura enfrenta vários desafios, sendo um dos principais o transporte de múltiplas peças para o Espaço;
- Para isso, a China planeja utilizar o foguete superpesado reutilizável Long March-9 (CZ-9). Este foguete também será usado para levar astronautas chineses à Lua, destacando sua versatilidade.
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Segundo o IFLScience, em palestra recente, Long Lehao, cientista de foguetes e membro da Academia Chinesa de Engenharia (CAE, na sigla em inglês), destacou a magnitude do projeto. “Estamos trabalhando neste projeto agora. É tão significativo quanto mover a Barragem das Três Gargantas para uma órbita geoestacionária a 36 mil km acima da Terra.”
Uma vez concluída, a estação orbital tem potencial para gerar quantidade de energia impressionante. De acordo com Long Lehao, “a energia coletada em um ano seria equivalente à quantidade total de petróleo que pode ser extraída da Terra”.

Embora impressionante, a China não é a única na corrida para construir estações solares espaciais. A Islândia, em parceria com a empresa britânica Space Solar, planeja lançar estação solar menor até 2030, capaz de abastecer entre 1,5 mil e três mil residências. Um projeto maior está programado para 2036.
Embora a ideia seja emocionante, ainda há desafios tecnológicos consideráveis a serem superados. A transmissão de energia do espaço para a Terra já foi demonstrada, mas em escala limitada. Em 2023, engenheiros do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) conseguiram transmitir energia em escala de miliwatts. A China, no entanto, pretende ampliar essa escala de forma significativa com sua estação espacial.
Perspectivas futuras
O projeto chinês simboliza abordagem visionária para enfrentar a crise climática e a dependência de combustíveis fósseis. Apesar dos desafios, a possibilidade de um sistema de energia solar baseado no espaço representa passo importante rumo a economia global mais sustentável.
Com o potencial de fornecer energia limpa e praticamente ilimitada, esta iniciativa pode se tornar marco histórico, mudando para sempre a maneira como utilizamos os recursos energéticos do nosso planeta.