NASA e Firefly Aerospace: as inovações tecnológicas da missão lunar Blue Ghost

A missão lunar Blue Ghost da Firefly Aerospace testa tecnologias inovadoras para impulsionar a exploração espacial
Ana Luiza Figueiredo15/01/2025 12h09, atualizada em 16/01/2025 20h49
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A Firefly Aerospace está prestes a realizar sua primeira missão lunar com o lançamento do lander Blue Ghost, programado para a madrugada do dia 15 de janeiro. A missão parte da plataforma de lançamento 39B no Kennedy Space Center, na Flórida, a bordo de um foguete Falcon 9 da SpaceX.

Compartilhando espaço com a sonda japonesa Resilience, da empresa ispace, o Blue Ghost Mission 1 foi escolhido por meio do programa Commercial Lunar Payload Services (CLPS) da NASA. Este programa busca impulsionar inovações tecnológicas do setor privado para avançar os objetivos do programa Artemis, que planeja levar astronautas de volta à superfície lunar.

Inovações científicas a bordo da missão Blue Ghost

A missão carrega 10 cargas úteis da NASA, o maior número em uma missão CLPS até agora, abrangendo experimentos científicos e tecnológicos. Durante a trajetória entre a órbita da Terra e a Lua, o Blue Ghost medirá partículas de vento solar, testará hardware resistente à radiação e utilizará satélites GPS para navegação ao redor da Lua.

Após pousar na região de Mare Crisium, os experimentos incluem análises do regolito lunar (poeira da superfície), fluxo de calor e condutividade elétrica. Além disso, serão testadas técnicas para limpar componentes espaciais usando correntes elétricas e sistemas de retroreflexão a laser para medir a distância entre a Terra e a Lua com precisão submilimétrica.

O Retrorefletor Lunar de Próxima Geração (NGLR) está posicionado em um suporte ajustável. (Imagem: Dr. Douglas Currie)

Destaques tecnológicos

A missão inclui uma série de experimentos tecnológicos que visam estudar a superfície lunar e aprimorar as operações no espaço. Confira:

  • Retrorefletor Lunar de Próxima Geração (NGLR): um retrorrefletor a laser que permite medições precisas de distância entre a Terra e a Lua. Essa nova versão aprimorada baseia-se nos equipamentos históricos usados nas missões Apollo e pode fornecer dados mais detalhados para estudos futuros.
  • Caracterização de Adesão do Regolito (RAC): um experimento focado em avaliar como o regolito lunar — a camada de poeira solta na superfície — adere a diversos materiais. Essas informações são essenciais para o desenvolvimento de equipamentos e trajes mais resistentes para futuras missões.
  • Escudo Eletrodinâmico Contra Poeira (EDS): um sistema inovador que utiliza forças eletrodinâmicas para repelir a poeira lunar de painéis solares, visores e outros equipamentos críticos. Ele pode aumentar a eficiência e a durabilidade de tecnologias usadas na Lua.
  • Câmeras Estereoscópicas para Estudos de Pluma-Solo Lunar (SCALPSS): câmeras estereoscópicas avançadas que capturam imagens detalhadas da interação entre jatos de aterrissagem e a superfície lunar. Esses dados ajudam a mitigar os riscos de danos causados pela poeira levantada durante pousos.
  • Imagem Heliográfica de Raios-X do Ambiente Lunar (LEXI): um instrumento especializado em captar imagens em raios-X para estudar como o vento solar interage com a superfície lunar. Esses estudos são fundamentais para compreender melhor o ambiente espacial.
  • Sondador Magnetotelúrico Lunar (LMS): equipamento projetado para medir as propriedades elétricas e magnéticas do subsolo lunar. Ele oferece uma visão detalhada da estrutura interna da Lua, contribuindo para o avanço da ciência planetária.
  • Instrumentação Lunar para Exploração Térmica do Subsolo com Rapidez (LISTER): um dispositivo que mede o fluxo de calor do interior da Lua, fornecendo informações importantes sobre sua atividade térmica e história geológica.
  • Sistema de Computação Tolerante à Radiação (RadPC): um computador resistente à radiação extrema do espaço. Desenvolvido para suportar operações de longa duração, ele é essencial para garantir o sucesso de futuras missões em ambientes hostis.
  • Coletor Lunar PlanetVac (LPV): um sistema de coleta de amostras que utiliza sucção para capturar regolito lunar de forma eficiente. Ele permite análises mais rápidas e seguras das propriedades do solo.
  • Experimento de Receptor Lunar GNSS (LuGRE): um receptor experimental que testa a viabilidade do uso de sinais de navegação por satélite na Lua. Essa tecnologia pode revolucionar a forma como as missões são planejadas e executadas no futuro.
O LMS determinará a estrutura e a composição do manto da Lua ao estudar campos elétricos e magnéticos. (Imagem: NASA/Instituto de Pesquisa do Sudoeste)

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Impactos para o futuro da exploração lunar

A missão não é apenas um marco para a Firefly Aerospace, mas também uma vitória para a colaboração entre NASA e indústria privada. Com tecnologias que prometem resolver desafios críticos, como a adesão do regolito e a navegação em órbita lunar, a missão prepara o terreno para uma presença humana sustentável na Lua.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.