Descoberta pode mudar o que sabemos sobre a chegada dos humanos na América do Norte

Estudo aponta que a rota entre a Ásia e a América do Norte usada pelos humanos antigos era um grande pântano durante a última Era do Gelo
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 16/01/2025 14h38
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Imagem: Alessandro Di Lorenzo (via DALL-E)/Olhar Digital
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Localizado entre os oceanos Pacífico e Ártico, entre a Rússia e os Estados Unidos, o Estreito de Bering é uma passagem marítima de 85 quilômetros que separa a Ásia da América do Norte. Mas nem sempre foi assim.

Durante a última Era do Gelo, a região era composta por terra firme e conhecida como Beríngia, sendo utilizada para migrações humanas. No entanto, de acordo com um estudo da Universidade do Alasca Fairbanks, o local na verdade era um grande pântano.

Região era muito diferente do que imaginávamos

  • Segundo os pesquisadores, a região era dominada por rios e algumas áreas mais elevadas. 
  • A descoberta ocorreu após análises de amostras de sedimentos do fundo do mar, recolhidas em locais que estavam na superfície entre 36 mil e 11 mil anos atrás.
  • A equipe identificou vestígios de pequenos lagos, canais de rios e flora bem diferentes da hipótese de tundra e pastagens até então vigente.
  • As conclusões foram apresentadas em estudo publicado na revista Advancing Earth and Space Science.
Estreito de Bering teria sido utilizado como rota de passagem entre a Ásia e a América do Norte há milhares de anos (Imagem: Peter Hermes Furian/Shutterstock)

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Migração para América do Norte pode ter sido feita por outras rotas

A descoberta também muda o atual entendimento sobre as migrações de humanos e também de outros animais entre a Ásia e a América do Norte no passado. Segundo os pesquisadores, o ambiente pantanoso teria representado um grande obstáculo.

Animais como mamutes e bisões, por exemplo, conseguiram superar este desafio, explorando terrenos elevados e mais secos. A presença de mamutes em áreas alagadas foi comprovada por amostras de DNA, indicando que esses gigantes do Pleistoceno utilizavam as colinas como passagem. 

Novo estudo encontrou evidências que a região era pantanosa durante a última Era do Gelo (Imagem: wwwarjag/Shutterstock)

Os humanos antigos também precisaram encarar travessias difíceis e se adaptar a climas extremos, até aprender quais caminhos eram viáveis. O novo estudo, inclusive, levanta novas questões sobre quais rotas alternativas podem ter sido utilizadas.

Isso porque os pesquisadores apresentaram evidências que apontam que as primeiras migrações humanas aconteceram há 17 mil anos. Isso é antes do aceito pela ciência até hoje, que trabalha com o período de aproximadamente 14 mil anos atrás.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.