Apesar das trocas de farpas constantes e as divergências geopolíticas, as colaborações entre pesquisadores da China e dos Estados Unidos no campo da inteligência artificial (IA) se fortaleceram nos últimos dez anos.
A análise foi feita pela publicação estadunidense de tecnologia Rest of World com base em dados coletados pelo Emerging Technology Observatory na Georgetown University, em Washington (EUA).
Foram considerados mais de 260 milhões de artigos acadêmicos medidos pela ferramenta Country Activity Tracker, que considera vários indicadores de inovação em IA por país, incluindo patentes e investimentos.
“A IA é um campo altamente colaborativo. Há [vários] pesquisadores e engenheiros de IA em todo o planeta”, disse Zachary Arnold, analista do Emerging Technology Observatory, ao Rest of World. “Ao se envolverem uns com os outros em colaboração, acho que a maioria das pessoas diria que o campo está acelerado.”

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- Fronteiras físicas e disputas políticas não têm sido impeditivos para trocas de conhecimento entre cientistas do Ocidente e do Oriente;
- Isso garante variedade de perspectivas e contextos sociais nas pesquisas, segundo a publicação estadunidense;
- Entre 2014 e 2024, Estados Unidos e China foram os parceiros mais frequentes em artigos de IA, com mais de 46 mil pesquisas. Já o segundo parceiro mais frequente dos chineses são os britânicos, com 19 mil colaborações; da parte dos estadunidenses, se destacam os indianos, com 9,7 mil artigos;
- Outros países que prevalecem na exploração desse campo de pesquisa são Japão, Coreia do Sul, Paquistão, Malásia, Brasil e Taiwan;
- Em geral, países do Oriente têm buscado colaboradores do Ocidente, em especial, estadunidenses e europeus.

Mas a Arábia Saudita foi caso atípico: houve aproximação com Paquistão, Índia e Egito — e o foco tem sido treinamento de computadores para interpretar informações de fotos e vídeos para uso em reconhecimento facial e veículos autônomos.
Os analistas acreditam que Malásia e Estados Unidos devem estreitar parcerias de IA nos próximos anos, já que os estadunidenses vêm investindo em data centers no país asiático.
“Talvez haja alguns problemas futuros que ainda não conhecemos”, disse Saaidal Razzali Azzuhri, professor sênior da University of Malaya em Kuala Lumpur (Malásia), ao Rest of World. “Você tem que fazer pesquisa transfronteiriça para resolver problemas [transfronteiriços] que surgem.”
E as colaborações tendem a sair cada vez mais do campo acadêmico para migrar para a vida real. Foi o caso de um projeto entre a Academia Chinesa de Tecnologia da Informação e Comunicação (China), Universidade da Malásia (Malásia) e a empresa de blockchain da Malásia Zetrix.
Os cientistas estão buscando estratégias para adotar blockchain e IA que reforcem o comércio entre a China e a Malásia, o que, segundo Azzuhri, demonstra a necessidade de apoio governamental nas trocas de conhecimento.