Cientistas resolvem mistério de galáxias grandes demais vistas pelo James Webb

O telescópio James Webb mostrou galáxias do começo do Universo grandes demais para período; pesquisadores dizem ter entendido o porquê disso
Pedro Spadoni17/01/2025 15h35, atualizada em 20/01/2025 21h05
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Observações do telescópio James Webb (JWST) desafiaram modelos astronômicos há dois anos. Na época, o telescópio mostrou galáxias formadas no começo do Universo – e elas grandes demais para este período. Pesquisadores suspeitavam que buracos negros estivessem por trás da anomalia. E uma importante confirmação veio à tona recentemente.

A equipe de pesquisadores se baseou em observações feitas em pesquisas públicas do JWST de galáxias do tipo Pequenos Pontos Vermelhos (LRDs, na sigla em inglês) – mais sobre isso em breve. Com base nelas, estimou que 70% dessas galáxias possuem gás girando a mil quilômetros por segundo. Isso sugere a presença de buracos negros supermassivos no centro dessas galáxias.

Os resultados foram apresentados na 245ª reunião da American Astronomical Society e serão publicados no periódico The Astrophysical Journal.

Galáxias colocadas em nova categoria podem ter sido bem diferentes das observadas no ‘Universo moderno’

Galáxias do tipo Pequenos Pontos Vermelhos (LRDs) formaram-se cerca de 600 milhões de anos após o Big Bang e existiram pelos 1,5 bilhão de anos seguintes. Elas representam uma nova classe de galáxias. E podem ter características distintas das observadas no, digamos, Universo moderno.

  • No “Universo moderno”, buracos negros supermassivos e suas respectivas galáxias hospedeiras crescem juntos – mas isso pode ter sido diferente nas primeiras galáxias do Universo.
Montagem com imagens de galáxias do tipo Pequenos Pontos Vermelhos capturadas pelo telescópio James Webb
Galáxias do tipo Pequenos Pontos Vermelhos surgiram ao longo dos primeiros 600 milhões de anos de existência do Universo (Imagem: NASA, ESA, CSA, STScI e Dale Kocevski – Colby College)

Acredita-se que as galáxias LRDs eram dominadas pelos buracos negros em crescimento e não pelas suas estrelas. Ao considerar a contribuição dos buracos negros, elas ficam menores e mais consistentes com as teorias astronômicas.

Há uma quantidade substancial de trabalho sendo feito para tentar determinar a natureza desses Pequenos Pontos Vermelhos e se sua luz é dominada por buracos negros em acreção [aumento de massa por aglomeração de materiais]

Dale Kocevski, pesquisador do Colby College e autor principal do estudo, em comunicado [LINK]

Vale ressaltar: a equipe não encontrou indícios diretos da existência de buracos negros nas galáxias em questão. A explicação possível para isso é a presença de nuvens densas de gás, que frequentemente ocultam esses buracos (fenômeno observado em galáxias atuais).

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Mais perguntas

Imagem de buraco negro visto de perto
Entre pontos levantados pela nova pesquisa está a possibilidade de buracos negros estarem profundamente encobertos (Imagem: Merlin74/Shutterstock)

Ao sugerir a solução para um mistério cosmológico, a pesquisa levanta outros pontos a serem questionados. Por exemplo:

  • Motivo do desaparecimento das galáxias do tipo LRDs;
  • Possibilidade de buracos negros estarem profundamente encobertos;
  • Como esse novo tipo de galáxia se encaixa nas teorias astronômicas atuais.

A investigação sobre essas galáxias envolve uma troca constante entre modelos teóricos e observações práticas, segundo cientistas. A ideia é sempre buscar o equilíbrio para explicar as propriedades intrigantes dos LRDs.

Pedro Spadoni
Redator(a)

Pedro Spadoni é jornalista formado pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Já escreveu para sites, revistas e até um jornal. No Olhar Digital, escreve sobre (quase) tudo.