Cientistas da USP resolvem um grande “mistério celular” — e essa é uma ótima notícia

Estudo revela como enzima antioxidante essencial para a proteção celular é transportada até as células, garantindo a defesa contra danos.
Por Rafael Magalhães, editado por Bruno Capozzi 18/01/2025 04h01
Imagem mostra detalhes de célulal
Estudo revela como a enzima antioxidante chega até as células (Imagem: OpenStax Microbiology Publishers: OpenStax Microbiology via CEPID Redoxoma/CC BY 4.0)
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Pesquisadores do Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) Redoxoma, da USP, descobriram como a enzima peroxirredoxina 3 (Prdx3) é transportada até as mitocôndrias. Essa molécula é essencial para a proteção das células, pois neutraliza os danos causados pelo excesso de água oxigenada (H2O2). Além disso, a descoberta revela mecanismos cruciais para combater o estresse oxidativo e amplia a compreensão sobre a saúde celular.

Como resultado, esses avanços abrem novas possibilidades para o tratamento de doenças associadas ao dano oxidativo, como as neurodegenerativas, cardiovasculares e o envelhecimento. Publicado na revista Redox Biology, o estudo destaca o impacto da pesquisa básica na criação de soluções inovadoras, o que tem o potencial de melhorar a qualidade de vida das pessoas.

A proteína que protege as mitocôndrias contra o estresse oxidativo

A Prdx3 controla diretamente o H2O2, que é crucial para a sinalização celular e proteção contra danos oxidativos. Essa enzima é transportada para dois compartimentos mitocondriais, ampliando seu impacto no equilíbrio das células. Dessa forma, sua ação garante que as mitocôndrias funcionem adequadamente, mesmo em condições de estresse.

Imagem exemplifica enzima prdx3 em 3D.
A enzima Prdx3 desempenha um papel fundamental na proteção das células contra danos causados por toxinas. (Imagem: VD Image Lab/Shutterstock)

Por outro lado, quando as concentrações de H2O2 ficam altas, ele pode danificar proteínas, membranas e o DNA mitocondrial, afetando a produção de energia. A Prdx3, como resultado, protege as células desses danos, reforçando seu papel essencial na manutenção do metabolismo celular e na prevenção de doenças relacionadas ao estresse oxidativo.

Em suma, a pesquisa aponta novos caminhos para entender a sinalização do H2O2 nas mitocôndrias. Essa descoberta abre portas para o desenvolvimento de terapias para doenças neurodegenerativas e cardiovasculares, além de aprimorar a compreensão dos processos celulares envolvidos no envelhecimento.

Implicações da enzima antioxidante em doenças e tratamentos futuros

Os pesquisadores descobriram que a Prdx3 ocupa dois locais distintos dentro das mitocôndrias, o que pode sugerir funções diferentes para a enzima. Na matriz mitocondrial, ela atua como uma proteção contra o excesso de H2O2, enquanto no espaço entre as membranas, acredita-se que tenha um papel na comunicação celular ou na modulação de proteínas, embora isso ainda precise ser confirmado.

As enzimas ajudam a manter as células saudáveis, combatendo substâncias tóxicas e danos celulares (Imagem: Design_Cells/Shutterstock)

Para investigar essas funções, os cientistas criaram células sem o gene da Prdx3 e estão agora reintroduzindo a enzima em regiões específicas das mitocôndrias. Isso permitirá observar como ela controla o H2O2 e contribui para o funcionamento celular, ajudando a esclarecer seu papel no equilíbrio e na saúde das células.

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Pesquisas recentes também associam a Prdx3 a processos como ferroptose, um tipo de morte celular, e ao crescimento de células-tronco cancerígenas no cérebro. Compreender essas relações pode abrir caminho para novas abordagens no tratamento de doenças graves e na promoção da saúde humana.

Redator(a)

Pai, redator, e apaixonado por viagens e fotografia.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.