Para que servem as unhas do pé? A ciência explica

No passado, podem ter sido fundamentais para os ancestrais primatas dos seres humanos
Por Samuel Amaral, editado por Lucas Soares 19/01/2025 06h00
Unhas dos pés sendo pintadas
(Imagem: New Africa / Shutterstock)
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O corpo humano é uma máquina potente refinada pela evolução. Porém, ainda retém diversas características supérfluas, não essenciais para a sobrevivência, como os mamilos masculinos, costelas flutuantes e dentes do siso. Um possível integrante desse grupo causa grande curiosidade, afinal para que servem as unhas do pé? 

É fácil pensar que elas são nojentas e só funcionam para abrigar fungos, tendo pouca utilidade. Mas, também é difícil imaginar a vida sendo melhor ou pior sem essas pequenas placas de queratina. São, de certa forma, indiferentes.

Por outro lado, as unhas da mão têm funções mais óbvias no cotidiano. Esses escudos achatados ficam acima da delicada ponta do dedo, o que aumenta a sensibilidade tátil ao fornecer contrapressão e, assim, melhora as habilidades motoras finas.

Pegar uma pequena agulha sobre a superfície da mesa é muito mais fácil graças às unhas. Além disso, elas podem ser utilizadas como ferramenta para riscar e abrir embalagens complicadas.

Mão reconstruída de um Australopithecus afarensis exposto no museu da evolução de Burgos, na Espanha. Esse hominídeo extinto viveu há cerca de três milhões de anos na África. (Imagem: Procy – Shutterstock)

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Seriam as unhas dos pés uma herança?

Pode não parecer, mas as mesmas funções se aplicam às unhas dos pés. É proposto que pessoas sem elas teriam mais dificuldade em sentir mudanças sutis no solo em que pisam, aumentando assim o risco de perderem o equilíbrio.

É possível argumentar que o talento das unhas dos pés não é tão evidente quanto o das mãos. Porque, os Homo sapiens são seres bípedes que tendem a confiar nas mãos para manipular precisamente suas ferramentas e os materiais ao seu redor, não nos pés.

O mesmo não pode ser dito dos ancestrais primatas dos seres humanos, muitos deles já detinham unhas. Não está claro porque desenvolveram esses escudos planos sobre os dedos, ao invés de garras afiadas para caçar, arranhar e ferir, como os outros vertebrados.

Recostrução da aparência e do esqueleto de Lucy, mulher pré-histórica que viveu há 3,2 milhões de anos. (Imagem: Museu de História Natural de Cleveland)

No entanto, uma ideia é de que esses adereços achatados ajudaram alguns dos símios ancestrais a subir em árvores e agarrar galhos. Em comparação, as garras poderiam facilmente prender nos troncos, dificultando a movimentação, e serem pesadas.

Os primatas são também animais sociais que vivem em grupos. Então, há também a hipótese de que as unhas possam se relacionar ao arranjo social dos membros desse grupo taxonômico.

Independente das vantagens, os símios deixaram as árvores e começaram a andar em duas pernas. Os dedos habilidosos de suas mãos se mostraram úteis para criar instrumentos e manipular o mundo físico que os cerca.

Os membros inferiores não eram mais necessários para agarrar galhos, mas as unhas ainda forneciam alguma proteção básica. No mais, não prejudicavam sua sobrevivência, de modo que permaneceram firmemente colocadas nos dedos dos pés.

Samuel Amaral
Redator(a)

Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.