O estudo dos neandertais é considerado fundamental para o melhor entendimento sobre a evolução da nossa espécie, o Homo sapiens. Diversas evidências apontam que os nossos antepassados eram ótimos caçadores, artesãos, capazes de criar pinturas rupestres e até de se comunicar através de falas. No entanto, uma das diferenças fundamentais entre as espécies é a capacidade de criar metáforas.

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Crânio de homem neandertal
Crânio de um neandertal (Imagem: Getty Images)

Diferenças na estrutura dos cérebros

  • Novas evidências anatômicas indicam que os neandertais tinham tratos vocais e vias auditivas não significativamente diferentes dos nossos, indicando que, do ponto de vista anatômico, eles eram tão capazes quanto nós de se comunicar por meio da fala.
  • Uma reconstrução digital 3D do cérebro dos nossos antepassados aponta para diferenças significativas na estrutura.
  • Os neandertais tinham um lobo occipital relativamente grande, dedicando mais matéria cerebral ao processamento visual e disponibilizando menos para outras tarefas, como a linguagem.
  • Eles também tinham um cerebelo relativamente pequeno.
  • Essa estrutura subcortical, repleta de neurônios, contribui para muitas tarefas, incluindo processamento de linguagem, fala e fluência.
  • A forma esférica única do cérebro humano moderno evoluiu depois que o primeiro Homo sapiens apareceu há 300 mil anos.
Representação artística em impressão 3D de um homem neandertal
Neandertal era capaz de se comunicar, mas não de criar metáforas (Imagem: RaveeCG/ Shutterstock)

Metáforas transformaram linguagem

Segundo pesquisadores, algumas das mutações genéticas que explicam essa diferença estão associadas ao desenvolvimento neuronal e como os neurônios estão conectados no cérebro. Durante a evolução humana, houve “modificações de uma rede complexa na cognição ou aprendizagem”.

O estudo aponta que o cérebro do Homo sapiens desenvolveu sua forma esférica com redes neurais conectando o que haviam sido agrupamentos semânticos isolados de palavras. No entanto, estes permaneceram isolados no cérebro neandertal.

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Isso significa que, embora as duas espécies tivessem capacidade equivalente para criação de palavras icônicas e de sintaxe, houve uma diferença em relação ao armazenamento de ideias em grupos semânticos no cérebro.

Em outras palavras, a nossa espécie adquiriu a capacidade de pensar e se comunicar usando metáforas. Para os pesquisadores, essa possibilidade transformou a linguagem, o pensamento e a cultura de nossa espécie, criando uma profunda divisão em relação aos neandertais.