Estrela anã branca ultramassiva bate recorde e impressiona cientistas

Equipe da Universidade Nacional de La Plata descobre uma nova marca de pulsações com a anã branca WD J0135+5722
Por Samuel Amaral, editado por Lucas Soares 31/01/2025 09h09
Ilustração de estrela anã branca
Ilustração de estrela anã branca (Imagem: Christina Krivonos/Shutterstock)
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Pesquisadores da Universidade Nacional de La Plata detectaram 19 modos de pulsação numa anã branca ultramassiva conhecida como WD J0135+5722. A descoberta, apresentada no site arXiv, revelou esta como a estrela mais rica do seu tipo conhecida até hoje.

As anãs brancas (WDs) são núcleos estelares que sobraram após o combustível de uma estrela pelo menos dez vezes menor que o Sol se esgotar. Isso ocorre quando todo o hélio, que era fundido no núcleo, é queimado. Assim, o astro ejeta uma nebulosa planetária e o material remanescente vira uma WD. 

Elas podem ter tamanhos próximos aos da Terra, mas com massa semelhante ao Sol. Devido à sua alta gravidade, são conhecidas por terem atmosferas de hidrogênio ou de hélio puro, caso seja o H a se esgotar. Além dessas, uma pequena fração de WD apresenta vestígios de elementos mais pesados.

Em anãs brancas pulsantes, a luminosidade varia devido às pulsações de ondas gravitacionais dentro desses astros. Um subtipo de WD pulsante é conhecido como DAVs, ou estrelas ZZ Ceti, que vêm do tipo espectral DA, são anãs brancas que apresentam uma superfície composta majoritariamente de hidrogênio. 

Ilustração 3D de ondas gravitacionais. (Imagem: Varuna / Shutterstock)

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Localizada a cerca de 165 anos-luz de distância, a WD J0135+5722 é uma anã branca com massa de cerca de 1,11 massas solares e temperatura de aproximadamente 12 mil graus célsius. Estudos anteriores acerca dessa estrela a classificaram como uma potencial WD ultramassiva pulsante. 

Portanto, um grupo de astrônomos selecionou WD J0135+5722 como um dos alvos na busca por pulsações. A equipe é liderada por Francisco C. De Gerónimo, da Universidade Nacional de La Plata, em Buenos Aires, Argentina.

“Iniciamos um programa que visa aumentar o número de DAVs UM (ultra-massivas) detectadas e os modos de pulsação em DAVs já conhecidas com o Gran Telescope Canarias (GTC) e o Apache Point Observatory (APO)”, explicaram os pesquisadores.

Ilustração de uma anã branca acumulando material planetário de um disco de detritos. (Imagem: Universidade de Warwick/Mark Garlick)

As observações detectaram 19 períodos distintos de pulsação, que variam de cerca de 137 a 1.345 segundos, tempo típico das estrelas ZZ Ceti. Os cientistas notaram que esta descoberta faz de WD J0135+5722 a mais rica de seu grupo em termos do número de frequências detectadas, ultrapassando WD BPM 37093 com 8 modos de pulsação identificados.

O estudo também estimou a massa da WD usando diferentes métodos. A equipe descobriu que a composição da anã branca é de aproximadamente 1,12 massas solares se o seu núcleo for de oxigênio e neônio, ou 1,13 massas solares se a estrela tiver um núcleo de carbono-oxigênio.

“Esta descoberta é significativa para investigações futuras, pois lança luz sobre os estágios finais de estrelas de grande massa e/ou produtos de fusão, servindo potencialmente como progenitores de supernovas”, concluem os cientistas.

Samuel Amaral
Redator(a)

Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.