Após pressão de Trump, Panamá cancela acordo econômico com a China

Decisão foi anunciada após Donald Trump ameaçar tomar o Canal do Panamá em função das supostas vantagens oferecidas aos chineses
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Ana Luiza Figueiredo 10/02/2025 10h50
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Imagem: Marina113/iStock
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Mais uma vez as pressões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surtiram efeito. O republicano havia ameaçado tomar o Canal do Panamá em função das vantagens oferecidas pelo governo do país ao comércio chinês.

Após algumas semanas de impasse, no entanto, o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, anunciou o cancelamento do acordo econômico da Nova Rota da Seda com a China. Em outras palavras, isso pode reduzir a influência de Pequim na região, uma das mais importantes para o comércio global.

Relações entre EUA e Panamá ainda estão instáveis

O anúncio do governo panamenho ocorreu quatro dias depois de uma visita do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, ao país. Ele viajou com a missão de contrabalancear uma suposta ingerência da China no Canal do Panamá, uma vez que Trump afirmava as taxas cobradas pela passagem de embarcações beneficiavam Pequim.

Após o encontro, Mulino afirmou que não renovaria o acordo firmado com os chineses. A Casa Branca comemorou a decisão e afirmou que este é um “grande passo” para fortalecer as relações com Washington.

Trump ameaçou tomar o Canal do Panamá (Imagem: mark reinstein/Shutterstock)

No entanto, a relação entre os países não parece ter melhorado. Isso porque os EUA afirmaram que navios norte-americanos passariam a ter passagem livre pelo Canal do Panamá. Instantes depois, a Autoridade do Canal do Panamá negou a informação, dizendo que não fez nenhuma alteração nas tarifas impostas aos navios do país. O presidente do Panamá também se pronunciou e acusou o governo Trump de espalhar “mentiras e falsidades” de maneira intolerável.

O acordo chamado Nova Rota da Seda contempla o financiamento de projetos de infraestrutura com fundos de Pequim para impulsionar o comércio e a conectividade na Ásia, na África e na América Latina. Mais de uma centena de países já aderiram a este acordo. No entanto, analistas explicam que não fazer parte da iniciativa não quer dizer que o Panamá vai deixar de receber investimentos chineses.

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Eclusa do Canal do Panamá
Panamá estaria oferecendo vantagens econômicas para embarcações chinesas (Imagem: badahos/iStock)

Canal do Panamá é essencial para o comércio global

  • Construído entre 1904 e 1914, o Canal do Panamá foi criado para facilitar o comércio marítimo mundial.
  • Geograficamente, a região é um istmo, palavra de origem grega que significa pescoço e define uma faixa de terra cercada por água em ambos os lados que conecta duas outras extensões maiores de terra.
  • Até hoje, a obra é considerada um marco da engenharia do século XX.
  • Graças a ela, navios levam dez horas para trafegar entre os oceanos Atlântico e Pacífico, ao longo de uma faixa de terra de 80 quilômetros localizada na América Central.
  • A alternativa é bem mais penosa: contornar a América do Sul, numa viagem de duas semanas.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.