Aspartame pode desencadear problemas cardíacos graves

Adoçante 200 vezes mais doce que o açúcar engana receptores para liberar mais insulina, favorecendo placas de gordura nas artérias
Por Bruna Barone, editado por Ana Luiza Figueiredo 21/02/2025 07h00
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Aspartame favorece acúmulo de placa de gordura nas artérias (Imagem: Highwaystarz-Photography/iStock)
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Refrigerante diet, sorvete sem açúcar e tantos outros alimentos com adoçantes artificiais parecem inofensivos, feitos para satisfazer nossa vontade de comer doces sem culpa. O problema é que por trás dessa aparente “inocência” há riscos para a saúde vascular — e o aspartame é um dos grandes vilões.

Uma nova pesquisa descobriu que esse famoso adoçante desencadeia níveis aumentados de insulina em animais, o que por sua vez contribui para a aterosclerose (acúmulo de placas de gordura nas artérias). A longo prazo, isso pode levar a níveis mais altos de inflamação e a um risco aumentado de ataques cardíacos e derrames. O estudo foi publicado no periódico Cell Metabolism da Cell Press.

Pesquisas anteriores ligaram o consumo de substitutos do açúcar ao aumento de doenças crônicas, como doenças cardiovasculares e diabetes. No entanto, os mecanismos envolvidos ainda não tinham sido explorados, segundo os autores do artigo.

Aspartame é um dos adoçantes mais comuns para refrigerantes diet (Imagem: bhofack2/iStock)

Em 2023, o aspartame foi classificado como potencialmente cancerígeno, mas com um limite aceitável para consumo diário. A conclusão foi anunciada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), órgãos ligados à ONU.

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Como foi feita a pesquisa?

Os camundongos foram alimentados com doses diárias de alimentos contendo 0,15% de aspartame por 12 semanas, quantidade que corresponde ao consumo de cerca de três latas de refrigerante diet por dia para humanos. 

A equipe observou um aumento nos níveis de insulina depois que o aspartame entrou no sistema dos animais. Isso não os surpreendeu, já que boca, intestino e outros tecidos são revestidos com receptores que ajudam a guiar a liberação desse hormônio.

No entanto, o aspartame, 200 vezes mais doce que o açúcar, pareceu enganar os receptores para liberar ainda mais insulina. Os cientistas, então, perceberam um crescimento de placas de gordura nas artérias dos camundongos.

Adoçante artificial já foi classificado como cancerígeno (Imagem: Photosiber/iStock)

Foi a partir dessa relação entre aspartame e saúde cardiovascular que os pesquisadores identificaram um sinal imunológico chamado CX3CL1 que é especialmente ativo sob estimulação de insulina.

“Como o fluxo sanguíneo através da artéria é forte e robusto, a maioria dos produtos químicos seria rapidamente lavada enquanto o coração bombeia”, explica o autor sênior Yihai Cao. “Surpreendentemente, não o CX3CL1. Ele fica colado à superfície do revestimento interno dos vasos sanguíneos. Lá, ele age como uma isca, capturando células imunes conforme elas passam.”

Cao também prevê o CX3CL1 como um alvo potencial para condições crônicas além de doenças cardiovasculares, dado que a inflamação dos vasos sanguíneos está envolvida em derrame, artrite e diabetes.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.