Em uma nova pesquisa, cientistas sintetizaram em laboratório uma nova configuração de gelo conhecida como “gelo plástico VII”. Segundo a equipe, essa estranha versão pode existir naturalmente em outros planetas e luas do Sistema Solar.
Os cubos de gelo normalmente encontrados na Terra e utilizados no dia a dia são referidos por pesquisadores como “gelo I”. No censo cientifico, até o momento, há 19 tipos do estado sólido da água, todas com diferenças entre as condições de temperatura e pressão de formação, estruturas e propriedades cristalinas.

O gelo plástico VII é uma versão plástica do gelo VII comum, um tipo geralmente encontrado nas profundezas da crosta terrestre. Ao contrário da estrutura cristalina hexagonal do gelo I, o sétimo tipo tem uma formação cúbica.
O modelo plástico tem a mesma organização em forma de cubo, mas é mais flexível. As moléculas podem girar no local em que estão, isso dá à substância uma espécie de estado híbrido entre um sólido e um líquido.
O novo gelo tem condições especificas de criação
Nas experiências de laboratório, o gelo plástico VII formou-se a temperaturas entre 127 e 327 °C e pressões entre 0,1 e 6 gigapascais (GPa). A equipe utilizou uma ferramenta chamada Espalhador de Nêutrons Quasi-Elastic (QENS) para sintetizar o material, depois fizeram análises detalhadas e simulações da dinâmica molecular.
Em seguida, o grupo conduziu medições de difração de nêutrons e raios-x para estudar como o gelo VII se transforma em gelo plástico VII. Em algumas circunstâncias, a transição parece ser contínua.

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“O cenário de transição contínua é muito intrigante, pois sugere que a fase plástica pode ser a precursora da indescritível fase superiônica – outra fase híbrida exótica da água prevista em temperaturas e pressões ainda mais altas, onde o hidrogênio pode se difundir livremente através da estrutura cristalina do oxigênio”, diz Livia Eleonora, uma das autoras do estudo.
Fases plásticas e superiônicas da água congelada podem existir em planetas como Urano e Netuno, ou na lua de Júpiter, Ganimedes. Compreender melhor esta substância estranha pode ajudar os cientistas a entender a dinâmica desses astros.