A humanidade está expandindo sua presença no espaço como nunca antes. Com missões tripuladas de longa duração na Estação Espacial Internacional e planos ambiciosos para enviar astronautas à Lua e a Marte, estamos entrando em uma nova era de exploração.
No entanto, essa expansão traz desafios significativos, já que astronautas adoecem no espaço e ao retornar à Terra, enfrentando impactos fisiológicos e adaptações necessárias para sobreviver fora do ambiente terrestre. Mesmo com avanços científicos e tecnológicos, viver além da Terra ainda apresenta riscos para o corpo humano, algo que, até poucas décadas atrás, parecia restrito à ficção científica.
No entanto, essa jornada não está isenta de desafios. O corpo humano evoluiu para sobreviver na gravidade terrestre, e viver em um ambiente de microgravidade pode ter impactos profundos na saúde.
Desde a perda de massa óssea e muscular até mudanças no sistema imunológico e cardiovascular, a ausência prolongada da gravidade impõe riscos que os cientistas ainda estão tentando compreender completamente.

O que acontece com os astronautas ao voltar para a Terra?
O retorno à Terra, por sua vez, pode ser tão desafiador quanto a estadia no espaço, exigindo uma readaptação fisiológica que pode levar semanas ou até meses.
Após passarem longos períodos no espaço, os astronautas frequentemente enfrentam desafios físicos e psicológicos ao retornar à Terra. Embora nem todos desenvolvam problemas graves, é comum que apresentem alterações no organismo devido à exposição prolongada à microgravidade e ao ambiente espacial.
Recentemente, dois astronautas da NASA voltaram após nove meses na Estação Espacial Internacional, período significativamente maior do que o planejado. Mas será que o corpo humano consegue se adaptar facilmente ao retorno?
Leia também
- Astronautas “presos”: o que acontece com o corpo humano depois de 9 meses no espaço?
- Astronautas devem passar por programa de reabilitação após meses no espaço
- É possível desenvolver comida no espaço? Empresa anuncia planos ambiciosos
Por que astronautas adoecem ao voltar à Terra?
A microgravidade provoca diversas mudanças no corpo humano, impactando órgãos e sistemas essenciais. Algumas dessas alterações podem ser temporárias, como tontura ou desorientação nos primeiros dias após o retorno, enquanto outras podem trazer consequências a longo prazo, exigindo meses de reabilitação. Isso ajuda a explicar por que astronautas adoecem no espaço e ao voltar à Terra, mesmo quando todas as medidas preventivas são tomadas.
A ausência de gravidade afeta o equilíbrio, a circulação sanguínea, o sistema imunológico e até a estrutura dos ossos e músculos. Além disso, o confinamento prolongado, a exposição à radiação e a alteração na microbiota corporal contribuem para uma série de sintomas físicos e emocionais.
A adaptação ao espaço e a readaptação à gravidade da Terra exigem muito do corpo humano, revelando que ainda estamos aprendendo a viver longe do planeta onde evoluímos.
Redistribuição de fluidos corporais
Na ausência de gravidade, os líquidos do corpo, que normalmente se acumulam na parte inferior, deslocam-se para a parte superior. Isso causa inchaço facial, sensação de congestão e aumento da pressão intracraniana, podendo afetar a visão. Essa condição é chamada de Síndrome Neuro-Ocular Associada ao Voo Espacial e pode levar a problemas de longo prazo na retina e no nervo óptico.
Perda de massa óssea e muscular
Sem a necessidade de sustentar o peso do corpo, a musculatura se atrofia e os ossos perdem densidade. Estudos mostram que astronautas podem perder até 1,5% da densidade óssea por mês no espaço, aumentando o risco de osteoporose e fraturas ao retornarem. O processo de reabilitação pode levar meses até que a força muscular e a densidade óssea se recuperem.

Alterações cardiovasculares
No espaço, o coração trabalha com menos esforço, pois a circulação não é afetada pela gravidade. Isso pode levar a uma redução do volume sanguíneo e da pressão arterial. Quando o astronauta volta à Terra, seu sistema cardiovascular precisa se reajustar, o que pode causar tonturas e desmaios ao ficar em pé.
Efeitos no sistema imunológico
A exposição prolongada ao ambiente fechado da Estação Espacial Internacional pode comprometer a resposta imunológica, tornando os astronautas mais vulneráveis a infecções. Além disso, a radiação espacial pode causar mutações celulares, aumentando os riscos de doenças degenerativas e até mesmo câncer a longo prazo.
Problemas psicológicos
O confinamento, o isolamento e a distância da família podem afetar a saúde mental dos astronautas. A monotonia alimentar e a falta de contato com a natureza também contribuem para o estresse e a fadiga mental. Alguns astronautas relatam dificuldades de readaptação social após longas missões.
Reaprendendo atividades cotidianas na Terra

Após meses em órbita, até mesmo tarefas simples, como andar e segurar objetos, podem se tornar desafiadoras. O sistema vestibular, responsável pelo equilíbrio, se desacostuma à gravidade, tornando os primeiros dias de volta à Terra uma experiência de readaptação.
Essa fase inicial costuma ser especialmente delicada, o que reforça por que tantos astronautas adoecem no espaço e ao retornar à Terra, lidando com sintomas físicos inesperados mesmo nas ações mais cotidianas.
Além disso, o sistema digestivo também precisa se ajustar. A alimentação no espaço é diferente, e a forma como o corpo processa os alimentos muda. Isso pode causar desconforto gastrointestinal, alterações no apetite e até intolerâncias temporárias, exigindo um acompanhamento nutricional cuidadoso nos primeiros dias pós-missão.
Alterações menores podem ser consideradas doenças?
Inflamações, irritações e desconfortos são comuns no retorno à Terra, mas nem sempre são classificados como doenças. No entanto, se essas condições causam impacto na qualidade de vida ou levam a complicações, podem ser diagnosticadas como enfermidades.
Por exemplo, a perda de densidade óssea pode evoluir para osteoporose, uma doença crônica. Da mesma forma, problemas visuais decorrentes da redistribuição de fluidos podem ser permanentes, exigindo acompanhamento médico contínuo.