Se acirra a corrida dos computadores quânticos

Nvidia vai abrir centro de pesquisas em Boston para acelerar desenvolvimento da tecnologia
Por Matheus Labourdette, editado por Rodrigo Mozelli 26/03/2025 03h30
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Diferente de outros modelos, computadores quânticos fotônicos podem ser conectados por fibras ópticas convencionais, abrindo caminho para internet quântica (Imagem: Panchenko Vladimir/Shutterstock)
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Construir um computador quântico funcional é o sonho de muitas empresas. As gigantes Google, Amazon e Microsoft estão em corrida com outras companhias, como Rigetti, IonQ e Quantum Computing, para viabilizar o tão sonhado projeto.

A mais nova a entrar nessa corrida é a Nvidia. A companhia de chips gráficos pretende construir um centro de pesquisas em Boston (EUA), segundo o CEO da empresa, Jensen Huang.

Jensen Huang prepara a empresa que fundou para a era quântica (Imagem: Reprodução/YouTube/Nvidia)

Muitas empresas estão entrando de cabeça nessa corrida. Conforme o especialista e diretor e sócio do Boston Consulting Group, Matt Langione, à CNBC, “o aumento na empolgação, agora, é impulsionado por convergência de avanços tecnológicos, financiamento e caminhos mais claros para aplicações no mundo real”.

O dinheiro investido na pesquisa também chama a atenção. “Segundo algumas estimativas, mais de US$ 50 bilhões [R$ 284,93 bilhões, na conversão direta] foram destinados às tecnologias quânticas — das quais a computação quântica é uma delas — por governos ao redor do mundo”, disse Langione.

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Como funciona um computador quântico?

  • Diferente dos PCs clássicos, que usam bits (0 ou 1), essas máquinas usam qubits;
  • Esse pequeno componente pode estar em 0, 1 ou em ambos ao mesmo tempo, graças a fenômeno chamado superposição;
  • Este é um fenômeno que permite que a matéria esteja em mais de um estado ao mesmo tempo;
  • Enquanto um bit tradicional faz um cálculo por vez, um qubit em superposição explora múltiplas soluções ao mesmo tempo. Isso dá ao computador quântico poder de processamento muito maior.

Essa nova tecnologia promete revolucionar a indústria da informática, pois sua capacidade de realizar milhões de cálculos de uma vez pode ajudar em pesquisas, segurança digital e logística. O poder de realizar simulações que essas máquinas possuem é incomparável aos modelos atuais.

Computadores convencionais podem realizar cerca de 100 milhões de contas por segundo. Enquanto isso, com os qubits, máquinas quânticas conseguem ultrapassar a barreira dos bilhões. Isso acontece graças aos pequenos componentes em estado de superposição que fazem o poder operacional crescer de forma exponencial.

O novo computador quântico possui 256 qubits físicos e 10 qubits lógicos (Crédito: Bartlomiej K. Wroblewski/Shutterstock)
Computadores quânticos tem capacidade de processamento exponencial (Crédito: Bartlomiej K. Wroblewski/Shutterstock)

Computação quântica x convencional

“Problemas futuros que serão resolvidos por computadores quânticos sempre serão solucionados por meio de configurações híbridas, em que um computador clássico executa a parte do algoritmo no qual ele é mais eficiente, e um computador quântico realiza a parte do algoritmo em que os computadores quânticos são mais eficientes”, disse o especialista.

Os computadores quânticos são ideais para resolver problemas complexos, como simulações químicas, otimizações com muitas variáveis e realizar muitas tarefas ao mesmo tempo, como criptografia.

Já os computadores clássicos seguem mais eficientes em tarefas cotidianas e bem definidas, como processar textos, navegar na internet, gerenciar bancos de dados e controlar sistemas. No futuro, os dois tipos devem atuar juntos, cada um executando a parte do trabalho em que é mais eficaz.

Redator(a)

Matheus Labourdette é redator(a) no Olhar Digital

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.