Computadores quânticos ameaçam satélites e a segurança digital global

Avanço tecnológico pode quebrar a criptografia atual e expor comunicações vitais; governos correm contra o tempo para proteger sistemas críticos
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Bruno Capozzi 14/05/2025 06h42
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(Imagem: NicoElNino/Shutterstock)
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Satélites são essenciais para a vida moderna — orientam aviões, permitem o uso de GPS, fornecem internet, TV e ajudam em situações de emergência. Mas esse sistema vital enfrenta uma nova ameaça: os computadores quânticos.

Diferentemente dos computadores atuais, os computadores quânticos utilizam os princípios da física quântica e têm potencial para resolver, em segundos, problemas que levariam milhões de anos para os sistemas clássicos. Isso poderá impulsionar avanços significativos na ciência, medicina e previsão climática.

Porém, há um risco grave: esses computadores também poderão quebrar os códigos criptográficos que protegem nossas comunicações, dados bancários e, especialmente, os satélites.

Por que os satélites estão em risco?

  • Criptografia vulnerável: os sistemas de segurança atuais se baseiam em problemas matemáticos difíceis, que os computadores quânticos podem resolver com facilidade.
  • Ataques mais acessíveis: a tecnologia para interceptar ou invadir satélites está ficando mais barata e comum, facilitando ataques por hackers ou governos hostis.
  • Longa vida útil: satélites duram décadas, o que exige proteção que resista às ameaças tecnológicas do futuro — incluindo a era quântica.
Computador quântico
Tecnologia revolucionária pode decifrar códigos que mantêm o mundo conectado – Imagem: shutterstock/JLStock

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Atualizar a segurança de um satélite em órbita é extremamente difícil. Por isso, novos satélites já devem ser lançados com criptografia pós-quântica, capaz de resistir à capacidade desses novos computadores.

“Um satélite não é tão simples de atualizar, não é como quando você atualiza o software do seu celular. Uma vez que um satélite esteja em órbita, é muito difícil – às vezes impossível – alterar seus sistemas”, explica Panagiotis Vlachos, pesquisador de doutorado em criptografia pós-quântica na Universidade de Belfast.

“É por isso que os novos satélites projetados hoje devem usar segurança resistente a quantum desde o início”, completou. Ele escreveu um artigo para o site The Conversation.

Iniciativas como a do Reino Unido, que definiu o ano de 2035 como prazo para essa transição, reforçam a urgência.

Segurança global estaria em risco

Se a adaptação não for feita a tempo, comunicações críticas, como sinais de GPS e sistemas de emergência, podem ser interceptadas ou manipuladas. Isso representaria uma ameaça real à segurança global.

A resposta a esse desafio precisa ser coordenada internacionalmente. A boa notícia é que já há avanços nesse caminho. Proteger os satélites hoje é garantir que a infraestrutura digital do mundo continue segura, mesmo frente à revolução quântica.

Satélites precisam ser protegidos agora contra a futura capacidade dos computadores quânticos de invadir redes críticas – Imagem: olivier.laurent.photos/Sshutterstock
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.