Amazon Fire TV Stick ajuda a pirataria? Entenda

Segundo levantamento, dispositivo, originalmente concebido para streaming legal, pode ser facilmente modificado para reproduzir conteúdo protegido por direitos autorais
Rodrigo Mozelli02/06/2025 17h45, atualizada em 02/06/2025 19h49
Amazon Fire TV Stick na mão de uma pessoa; mais abaixo, em uma mesa branca, o controle do aparelho
Sistema operacional do aparelho é baseado no Android (Imagem: mundissima/Shutterstock)
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Um estudo da agência britânica Enders Analysis, divulgado na sexta-feira (30), aponta o Amazon Fire TV Stick como um dos principais facilitadores da pirataria digital, sendo responsável por prejuízos bilionários à indústria audiovisual.

Segundo o levantamento, o dispositivo da Amazon, originalmente concebido para streaming legal, pode ser facilmente modificado (jailbreak) para reproduzir conteúdo protegido por direitos autorais, funcionando, na prática, como uma TV Box pirata.

TV box pirata
Aparelho funcionaria como verdadeira TV Box pirata (Imagem gerada por IA/Gabriel Sérvio/Olhar Digital)

O relatório, intitulado “Pirataria de vídeo: grandes empresas de tecnologia claramente não querem resolver o problema”, critica não apenas a Amazon, mas, também, Google, Microsoft e Meta por sua postura passiva diante do combate à pirataria.

A Enders Analysis denuncia que os sistemas de Digital Rights Management (DRM) de Google (Widevine) e Microsoft (PlayReady) estão obsoletos e comprometidos em vários níveis de segurança. A última grande atualização do PlayReady ocorreu em dezembro de 2022. Já o Facebook é citado por permitir anúncios que promovem transmissões ilegais em sua plataforma.

O estudo foca no mercado europeu, mas ressalta que a pirataria de conteúdo via streaming é um problema global, especialmente com a popularização de eventos ao vivo, como esportes.

Leia mais:

Detalhes da pesquisa que liga o Fire TV Stick à pirataria

  • Segundo a Sky Group, 59% dos consumidores de conteúdo pirata no Reino Unido em 2024 utilizaram um Fire TV Stick e o dispositivo seria responsável por cerca de metade da pirataria no país;
  • O diretor de operações da empresa, Nick Herm, afirmou, em fevereiro, que a Amazon não tem colaborado com a intensidade esperada;
  • Tom Burrows, chefe de direitos globais do DAZN, definiu, na mesma época, a situação como “quase uma crise para a indústria de direitos autorais do esporte”;
  • A pirataria também é impulsionada pela incerteza econômica e pelos altos custos de serviços de streaming. A BBC traz que, para assistir a todos os jogos da Premier League na temporada 2023/2024, por exemplo, torcedores britânicos precisaram desembolsar cerca de US$ 1.171 (R$ 6,64 mil, na conversão direta);
  • O aumento nos preços e a restrição de compartilhamento de contas também contribuem para esse cenário.

Apesar de a pirataria parecer alternativa mais acessível, o relatório alerta para os riscos: usuários podem ter seus dados pessoais expostos e dispositivos comprometidos com malwares.

Em resposta enviada ao ArsTechnica sobre o tema, a Amazon declarou que trabalha com parceiros do setor e autoridades para combater a pirataria.

A empresa informou estar implementando medidas, como a desativação do acesso remoto via Android Debug Bridge (ADB), reforço dos sistemas de DRM e emissão de alertas sobre riscos legais.

A longo prazo, a Amazon pretende substituir o sistema operacional Android do Fire TV Stick pelo Vega OS, baseado em Linux, que não permite a instalação de aplicativos piratas no formato APK.

Páginas de internet de Google, Meta, Amazon, Microsoft e Apple
Google, Meta e Microsoft também foram citadas pela pesquisa (Imagem: Tada Images/Shutterstock)

O que dizem as citadas

O Olhar Digital entrou em contato com Amazon, Google, Meta e Microsoft. A Microsoft disse que não irá comentar o assunto. Já a Amazon nos encaminhou a seguinte nota:

“Conteúdo ilegal viola nossas políticas em relação aos direitos de propriedade intelectual e compromete a segurança e a privacidade de nossos clientes. Trabalhamos com parceiros do setor e autoridades relevantes para combater a pirataria e proteger os clientes dos riscos associados ao conteúdo pirateado. Nossa loja de aplicativos proíbe aplicativos que infringem os direitos de terceiros e alertamos os clientes sobre os riscos associados à instalação ou ao uso de aplicativos de fontes desconhecidas.”

Seguimos aguardando um posicionamento oficial de Meta e Google.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.