O que é o Horizonte de Eventos e qual sua relação com buracos negros?

Entenda o que é o horizonte de eventos, sua importância na estrutura dos buracos negros e como ele marca o ponto de não retorno no Universo
Por João Velozo, editado por Layse Ventura 06/06/2025 06h20
Buraco negro supermassivo ilustração
(Imagem: Thierry Lombry / Shutterstock)
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O horizonte de eventos é um dos conceitos mais intrigantes da astrofísica moderna. Ele representa o limite ao redor de um buraco negro a partir do qual nada pode escapar, nem mesmo a luz. Em outras palavras, é a “fronteira sem retorno”. Uma vez que algo ultrapassa esse limite, sua informação deixa de estar disponível para o restante do Universo, tornando impossível observar ou recuperar o que entrou.

Buracos negros são objetos cósmicos extremamente densos, formados quando estrelas muito massivas colapsam sob sua própria gravidade. A força gravitacional em torno deles é tão intensa que deforma o espaço-tempo, como previsto pela Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein. Essa deformação cria o horizonte de eventos, um ponto onde a velocidade necessária para escapar supera a velocidade da luz.

Radiação vinda de um buraco negro supermassivo
Radiação advinda dessas “coisas espaciais” ajuda no desenvolvimento da vida (Imagem: Tranding art/Shutterstock)

O conceito do horizonte de eventos ajuda a explicar por que os buracos negros são invisíveis. Como a luz não consegue escapar de seu interior, não podemos observá-los diretamente.

No entanto, os cientistas conseguem detectar sua presença observando o comportamento de objetos e da radiação ao seu redor. Por exemplo, quando uma estrela ou gás se aproxima demais, é atraído com tanta força que emite radiação intensa antes de cruzar o horizonte de eventos.

Um dos avanços mais importantes na compreensão do horizonte de eventos foi a obtenção da primeira imagem de um buraco negro em 2019, por meio do projeto Event Horizon Telescope.

Primeira imagem capturada de um buraco negro revelou o M87*, que fica no centro da galáxia M87. O registro foi feito em 2019 pela rede de radiotelescópios EHT. Crédito: EHT Collaboration

A imagem mostra uma região escura cercada por um anel brilhante de matéria aquecida. Essa “sombra” central é justamente a área delimitada pelo horizonte de eventos, onde a luz deixa de escapar e marca a silhueta do buraco negro.

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Outro ponto relevante é que o horizonte de eventos não é uma superfície física, mas sim uma região matemática no espaço-tempo. Ele pode crescer se o buraco negro absorver mais massa ou encolher em situações específicas.

Apesar de não podermos observar diretamente o que acontece dentro do horizonte de eventos, os cientistas continuam tentando entender seus mistérios por meio de simulações, equações e observações indiretas.

Representação artística de um evento de ruptura de maré em que uma estrela é devorada por um buraco negro formando um disco de acreção em torno dele. Crédito: ESA/C. Carreau

O estudo do horizonte de eventos é fundamental para compreender a física de buracos negros e os limites do nosso conhecimento sobre o Universo. Ele também levanta questões profundas sobre o destino da matéria e da informação, além de desafiar as leis conhecidas da física, como a mecânica quântica e a termodinâmica.

O horizonte de eventos, portanto, não é apenas uma curiosidade astronômica. Ele é uma peça central no quebra-cabeça cósmico que pode nos levar a novas descobertas sobre o funcionamento do Universo e suas leis mais fundamentais.

Com informações de NASA Science.

João Velozo
Colaboração para o Olhar Digital

João Velozo é um jornalista e fotógrafo freelancer com base em Pernambuco, Brasil.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.