Agora é oficial: Nvidia atinge US$ 4 trilhões em valor de mercado

Companhia de Jensen Huang é a primeira empresa pública a chegar a este valor de mercado
Rodrigo Mozelli10/07/2025 19h03, atualizada em 10/07/2025 21h42
Logo da Nvidia em um smartphone com gráficos financeiros como plano de fundo desfocado
(Imagem: Evolf / Shutterstock)
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Nesta quinta-feira (10), a Nvidia se tornou a primeira empresa pública a atingir US$ 4 trilhões (R$ 22,13 trilhões, na conversão direta) em valor de mercado. Mas, espera aí: isso já não aconteceu?

Tecnicamente, sim. A big tech atingiu essa quantia na quinta-feira (9) durante o pregão, mas, no fim do dia, as ações da empresa caíram e, consequentemente, seu valor de mercado. O Olhar Digital falou sobre isso aqui.

Dessa maneira, agora, sim, de forma oficial, a companhia de Jensen Huang é a primeira empresa pública a chegar a este valor de mercado. Isso, pois, ao final do pregão estadunidense, a Nvidia atingiu os US$ 4 trilhões após suas ações fecharem a US$ 164 (R$ 967,61) cada.

Logo da Nvidia
Big tech atingiu essa quantia na quinta-feira (9) durante o pregão, mas, no fim do dia, as ações da empresa caíram e, consequentemente, seu valor de mercado (Imagem: Mamun_Sheikh/Shutterstock)

Segundo o The New York Times, a ascensão da gigante dos chips gráficos foi uma das mais rápidas da história de Wall Street. Foram 30 anos para alcançar US$ 1 trilhão (R$ 5,53 trilhões) e apenas dois para chegar a marca obtida nesta quinta-feira (10).

O marco é ainda mais significativo, pois a briga foi dura contra outros players enormes, como Microsoft e Apple. E, como o Times pontuou, mostra que o salto da inteligência artificial (IA) é mesmo o futuro e pode até competir com a Revolução Industrial quando se fala de transformação econômica.

Caminho percorrido pela Nvidia até chegar à marca de US$ 4 trilhões

  • A IA está fazendo várias empresas, como a Broadcom, atingir US$ 1 trilhão em valor de mercado;
  • O boom dessa tecnologia permitiu às gigantes do setor que obtivessem ainda mais ganhos, como, por exemplo, Amazon e Alphabet (controladora do Google), que atingiram mais de US$ 2 trilhões (R$ 11,06 trilhões);
  • Apple e Microsoft pavimentaram o caminho para a marca de US$ 3 milhões (R$ 16,60 trilhões);
  • Só que o crescimento da Nvidia é sem precedentes, afinal, foram apenas dois anos para saltar de US$ 1 trilhão para US$ 4 trilhões.

A empresa controla mais de 80% do mercado de chips voltados para sistemas de IA, com demanda cada vez maior. Isso faz com que a companhia seja a espinha dorsal do avanço dessa tecnologia.

Para se ter uma ideia, Meta, Microsoft, Alphabet e Amazon — grandes players de IA (também) — devem gastar um total combinado de US$ 320 bilhões (R$ 1,77 trilhão). E, adivinhe: boa parte dessa quantia vai para os cofres da…? Nvidia.

E isso tudo começou há dez anos, quando Huang, que também é CEO da Nvidia, apostou que os chips de processamento gráfico (GPUs, na sigla em inglês) permitiram, no futuro, a criação de sistemas de IA. Dali em diante, ele investiu bilhões de dólares em software para desenvolvedores de IA.

Todo o esforço do executivo valeu a pena no fim de 2022, quando a OpenAI lançou o ChatGPT para o mundo todo. Esse foi o marco para a corrida das IAs começarem (conheça a trajetória do ChatGPT em seus dois primeiros anos de vida nesta reportagem especial).

Como lembra o Times, ultimamente, especialistas em IA receberam US$ 100 milhões (R$ 553,42 milhões) os gigantes do setor, que também vêm gastando bilhões de dólares em data centers, cuja energia demandada é maior do que um milhão de residências, fazendo com que o setor de energia elétrica sustentável ganhe mais clientes.

Ilustração digital de chip da Nvidia
Empresa teve crescimento meteórico (Imagem: Nor Gal/Shutterstock)

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Investimentos crescendo e primórdios da Nvidia

Os investidores da big tech estão vendo seus investimentos crescerem cada vez mais, enquanto o lucro líquido saltou de US$ 4,4 bilhões (R$ 24,35 bilhões) no ano fiscal de 2023 para US$ 73,88 bilhões (R$ 408,86 bilhões) em 2025.

Na mesma medida, o valor de mercado da empresa — entre o segundo semestre de 2022 (antes do lançamento do ChatGPT) e o segundo semestre de 2024cresceu, aumentando de US$ 330 bilhões (R$ 1,82 trilhão) para US$ 3,3 trilhões (R$ 18,26 trilhões).

Mas essa ascensão toda da Nvidia vem da era da internet, quando as gigantes que dominavam eram Cisco e Juniper Networks, que construíram o equipamento responsável por administrar redes de comunicação para a web.

Desde sua Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla em inglês), em 1990, até 2000, as ações da Cisco cresceram mais de mil vezes. No início do século XXI, chegou a ser, brevemente, a empresa mais valiosa do mundo.

Contudo, Mark Lipacis, analista de semicondutores da Evercore ISI, disse ao Times que a Nvidia teria mais poder de permanência do que as companhias da era da internet.

Segundo ele, a big tech é para a IA o que a Apple é para os smartphones, ou seja, o player dominante e na vanguarda da nova era da computação.

O especialista crê que a Nvidia poderia, possivelmente, representar 16% do S&P 500 (abreviação de Standard & Poor’s 500, índice composto por quinhentos ativos cotados nas bolsas de NYSE ou NASDAQ), mais que o dobro da Apple em seu ápice.

“A história nos diz que são 20 anos de eras”, afirmou, além de afirmar que acredita que a batalha já está ganha para a gigante das GPUs.

Jensen Huang, o “Sr. Nvidia”

Huang, 62 anos, criou a Nvidia em 1993 com outros executivos. De lá para cá, ele se tornou um dos homens mais ricos do planeta. Hoje, ele tem 3,5% da empresa, o que equivale a mais de US$ 135 bilhões (R$ 747,11 bilhões) segundo a S&P Capital IQ, provedora de pesquisa de mercado.

Incertezas

Mas o êxito da Nvidia em alcançar US$ 4 trilhões não significa estabilidade. Ainda há certo ceticismo em Wall Street e no Vale do Silício quando se fala do potencial da IA.

Existem dúvidas sobre se as empresas receberão retorno suficiente da tecnologia, haja vista que ela vai custar US$ 1 trilhão para ser desenvolvida.

Isso sem falar da concorrência. Apesar de ser a mais procurada, sua própria clientela e outras gigantes, incluindo Microsoft, Alphabet, Amazon e Meta, estão trabalhando em seus próprios chips de IA, de modo a dependerem menos da Nvidia.

Ainda, a AMD, grande rival da companhia de Jensen Huang no universo dos chips gráficos, vem trabalhando em seus próprios produtos de IA para seguir batendo de frente com a grande rival.

Outra questão que pode derrubar a Nvidia são os legisladores mundiais. Por exemplo, nos Estados Unidos, o Departamento de Justiça (DOJ, na sigla em inglês) vem investigando as práticas e aquisições da empresa.

Os reguladores de União Europeia (UE), Grã-Bretanha, China e Coreia do Sul analisam como a empresa aloca os suprimentos para seus chips e estruturas de vendas de hardware e software.

Jensen Huan sorrindo, com jaqueta e camiseta pretas, em fundo verde
Jensen Huang enriqueceu bastante desde a fundação de sua empresa, em 1993 (Imagem: jamesonwu1972/Shutterstock)

Forças geopolíticas também podem trazer problemas à big tech. Isso porque, no início do ano, a empresa perdeu US$ 600 bilhões (R$ 3,32 trilhões) em um dia, movida pela queda brusca de suas ações após a chinesa DeepSeek dizer ao mundo que pode treinar IAs por uma fração do que a Nvidia cobra por seus chips.

Apesar disso, os receios dos investidores se mostraram exagerados e a companhia conseguiu se recuperar. Só que esse avanço só denotou a volatilidade da Nvidia por uma espécie de “termômetro” da IA.

“Este mercado é tão grande que haverá vários vencedores. O poder de permanência da Nvidia será executado”, disse Daniel Newman, executivo-chefe do Futurum Group, empresa de pesquisa de tecnologia.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.