Se o mundo inteiro acender luzes ao mesmo tempo, o que acontece?

Especialista explica por que acender todas as luzes ao mesmo tempo não causaria um apagão — mas mudaria nossa visão do céu
Leandro Costa Criscuolo06/08/2025 07h00
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Foto: NicoElNino/Shutterstock
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Muita gente que tem a curiosidade sobre o que ocorreria com todas as luzes do mundo acendendo ao mesmo tempo pode imaginar um cenário extremo, como um colapso global da energia, mas, na realidade, o efeito não seria tão catastrófico.

Se todas as pessoas do mundo acendessem as luzes ao mesmo tempo, o impacto mais imediato seria um súbito pico de demanda por eletricidade, o que exigiria uma resposta rápida das usinas de energia.

Como explica Harold Wallace, curador no Instituto Smithsonian, “a eletricidade deve ser fornecida sob demanda. Quando alguém acende uma luz, consome energia da rede. Um gerador precisa imediatamente fornecer a mesma quantidade de energia para manter o equilíbrio do sistema”.

Ilustração da órbita da Terra iluminada por uma rede elétrica espacial, serviço que será desenvolvido pela startup Star Catcher
Redes elétricas precisariam equilibrar a demanda gigantesca que se criaria em um instante – Imagem: Mr. Virtual/Shutterstock.com

Como a rede elétrica se mantém estável

  • O equilíbrio da rede é vital para evitar apagões. No entanto, diferentes usinas reagem de maneiras distintas: termoelétricas e nucleares têm grande capacidade, mas são lentas para reagir; já as usinas a gás natural respondem com mais rapidez.
  • Fontes renováveis, como solar e eólica, são menos previsíveis.
  • Baterias e sistemas hidrelétricos com reservatórios ajudam a compensar as oscilações de demanda, mas ainda têm limitações.

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Acender as luzes simultaneamente em todo o planeta exigiria resposta rápida das usinas — e revelaria fragilidades do sistema elétrico – Imagem: urbans/Shutterstock

Falhas elétricas seriam isoladas; não veríamos um colapso elétrico no planeta

Segundo Wallace, dois fatores evitariam um colapso global da rede: “não há uma única rede elétrica mundial”, o que permite isolar falhas regionais, e o uso generalizado de lâmpadas LED, que consomem menos energia e já são comuns em boa parte das residências.

“Essas lâmpadas produzem muito mais luz por unidade de energia”, observa.

O céu brilharia mais

No entanto, o efeito visual seria outro. Um surto global de iluminação aumentaria o brilho do céu, obscurecendo as estrelas. “A luz refletida em partículas no ar cria um brilho que apaga o céu noturno”, alerta Wallace, destacando também os efeitos da poluição luminosa sobre a saúde humana e a fauna.

Concluindo, embora não causasse um apagão global, esse experimento coletivo traria mais impacto visual e ambiental do que energético. Como resume Wallace: “Veríamos muito mais brilho no céu — e nenhuma estrela”.

Além da sobrecarga elétrica, acender todas as luzes do mundo ao mesmo tempo agravaria a poluição luminosa e apagaria as estrelas (Imagem: jamesteohart/Shutterstock)

A versão original deste texto foi publicada no The Conversation.

Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.