Disco egípcio misterioso intriga especialistas há décadas

Há cerca de 90 anos, pesquisadores tentam descobrir a função do Disco de Sabu, uma peça circular encontrada na tumba de um nobre egípcio
Por Samuel Amaral, editado por Lucas Soares 12/08/2025 16h51
O Disco de Sabu está em exposição no Museu Egípcio do Cairo, no Egito. Pesquisadores tentam entendê-lo há décadas.
O Disco de Sabu está em exposição no Museu Egípcio do Cairo, no Egito. Pesquisadores tentam entendê-lo há décadas. (Imagem: Martin1833 / Wikimedia Commons)
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Em 1936, o arqueólogo britânico Walter Emey encontrou na tumba do Príncipe Sabu, localizada na necrópole de Saqqara, no Egito, um artefato em forma de disco. O objeto estava em pedaços quando foi retirado, mas, mesmo após sua reconstrução, ele continua a intrigar pesquisadores.

Em seu livro, Emey registrou uma lista dos itens encontradas na tumba. O esqueleto do nobre egípcio estava intacto em um caixão de madeira, ao redor havia dezenas de vasos de pedra e cerâmica, ferramentas de pedra e cobre, os restos mortais de dois bois e uma “tigela” de formato único, a qual ele nomeou de “Disco de Sabu”.

O artefato mede cerca de 61 cm de diâmetro e 10,6 cm de altura, com um buraco de 8 cm ao centro. É completamente feito de xisto, uma rocha frágil composta de camadas finas e planas.  Há também três outros orifícios na peça que se estendem de um “dobramento” da peça em direção ao centro.

Segundo o Museu Egípcio, o Disco de Sabu data do período da Primeira Dinastia, entre 3000 e 2800 a.C., um momento marcado pela unificação entre o Alto e o Baixo Egito e a consolidação do reino.

Disco foi encontrado em 1936 na necrópole de Saqqara, um sítio arqueológico ao sul de Cairo.
Disco foi encontrado em 1936 na necrópole de Saqqara, um sítio arqueológico ao sul de Cairo. (Imagem: Museu Egípcio / Divulgação)

De objeto alien a decoração de luxo, artefato intriga pesquisadores

O formato único do disco levou a diversos debates sobre a sua função. Emery especulou que o artefato seria um recipiente cerimonial, mas nenhuma evidência disso foi encontrada na tumba.

Outros arqueólogos sugerem que o artefato pode ter servido como peça decorativa, função indicada por sua construção delicada, que revela a grande habilidade dos artesãos egípcios.

Pesquisadores se dedicam a encontrar funções para o objeto até hoje. Em um estudo de 2014, o doutor em geografia e professor Gizo Vashakidze propõe que o artefato funcionaria como uma máquina de vapor, com a qual os egípcios poderiam gerar vapor de forma rápida ao aprimorar o contato do ar com a água.

Um artigo de 2022 sugere que o disco seria um tanque de mistura, recipiente usado para mesclar o malte moído com água para se produzir cerveja, uma bebida consumida há mais de 5 mil anos no Egito.

Pesquisador especula que o formato do disco pode servir para misturar grãos maltados e aditivos para produzir cerveja.
Pesquisador especula que o formato do disco pode servir para misturar grãos maltados e aditivos para produzir cerveja. (Imagem: Akio Kato 2022)

Fora do mundo acadêmico, o disco é objeto de teorias incomuns. Há hipóteses de que ele representaria uma tentativa dos egípcios em replicar peças de metal, o que indicaria o conhecimento de tecnologias avançadas. Isso poderia indicar um contato com influências extraterrestres, algo sem evidência e não sustentado pela arqueologia.

A função do Disco de Sabu segue um mistério do Antigo Egito. De objeto decorativo a artefato alienígena, hipóteses cientificas e suposições fantasiosas povoam a imaginação daqueles que se dedicam a entendê-lo. Conforme novos estudos progredirem, a comunidade cientifica espera descobrir a verdadeira função dessa intrigante peça do passado.

Samuel Amaral
Redator(a)

Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.