Explosão de rádio da juventude do Universo é detectada por astrônomos

Pesquisadores uniram o telescópio MeerKAT e o James Webb para estimar a origem de uma explosão rápida de rádio no início do cosmos
Por Samuel Amaral, editado por Lucas Soares 13/08/2025 11h12
Descoberta pode reforçar a hipótese de que as explosões rápidas de rádio surgem de estrelas de neutrons com campos magnéticos fortes conhecidas como magnetares.
Descoberta pode reforçar a hipótese de que as explosões rápidas de rádio surgem de estrelas de neutrons com campos magnéticos fortes conhecidas como magnetares. (Imagem: NASA / JPL-Caltech)
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Astrônomos descobriram a origem de uma explosão rápida de rádio (FRBs) na juventude do Universo. Esse fenômeno dura apenas alguns milissegundos, mas codifica informações sobre as estruturas espaciais que atravessaram em seu caminho, fornecendo informações novas sobre o cosmos.

A descoberta está em revisão por pares e pode ser acessada no repositório de pré-impressão arXiv. Nomeada de FRB 20240304B, essa explosão foi detectada em março de 2024 pelo Conjunto de radiotelescópios MeerKAT da África do Sul.

Na nova pesquisa, utilizando os instrumentos de detecção de luz infravermelha NIRCam e NIRSpec do Telescópio Espacial James Webb (JWST), os cientistas identificaram a galáxia hospedeira da rajada de rádio e determinaram seu desvio para o vermelho pare encontrar sua distância.

O estudo indica que a FRB se originou cerca de 3 bilhões de anos após o Big Bang, o que significa que sua luz percorreu mais de 10 bilhões de anos até alcançar a Terra.

Imagens da FRB 20240304B captadas com os instrumentos do James Webb. A foto “A” mostra uma visão ampla da região no espaço e a “B” marca a possível posição dessa FRB, circulada em branco. (Imagem: Manisha Caleb et al.)

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Segundo o artigo, a explosão de ondas de rádio se dispersou a uma taxa de cerca de 2.330 parsecs por centímetro cúbico enquanto viajava pelo espaço. Essa não é uma medida de distância física pura, mas da quantidade de elétrons livres ao longo do caminho até a fonte da FRB. Nesse caso, o resultado sugere uma origem extremamente distante. 

Com esse dado, pesquisadores conseguem compreender o quanto esse sinal foi esticado e atrasado pelos elétrons livres no cosmos, sendo uma “impressão digital” que registra as características dos lugares que percorreu.

A galáxia hospedeira da FRB 20240304B tem pouca massa e um formato desorganizado. A presença de uma FRB em um corpo galáctico jovem como esse reforça a hipótese de que essas explosões de rádio surgem de estrelas de nêutrons altamente magnetizadas, chamadas magnetares.

O estudo oferece um vislumbre da atividade das explosões rápidas de rádio durante o período de intensa formação estelar, funcionando como um registro do momento mais ativo da história do cosmos.

Telescópios de nova geração, como o do Observatório Vera C. Rubin, em breve poderão desempenhar um papel crucial em revelar como as FRBs atuam como mensageiras do passado distante do cosmos. Essas descobertas têm o potencial de aprofundar nossa compreensão sobre as diferentes etapas da evolução do Universo.

Samuel Amaral
Redator(a)

Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.