Conheça o caso raro da vítima atingida por um meteorito

Ser atingido por um meteorito é improvável, mas não impossível, e documentos encontrados na Turquia são a prova disso
Por Samuel Amaral, editado por Lucas Soares 17/08/2025 05h15, atualizada em 18/08/2025 09h54
Em 1888, uma chuva de meteoritos deixou duas vítimas na Turquia, uma delas fatal, segundo documentos da época.
Em 1888, uma chuva de meteoritos deixou duas vítimas na Turquia, uma delas fatal, segundo documentos da época. (Imagem: Nazarii_Neshcherenskyi / Shutterstock)
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Pode não parecer, mas nosso planeta está sendo bombardeado por rochas espaciais a todo momento, cerca de 44 toneladas de material meteórico diariamente, segundo a NASA. Embora a maioria queime na atmosfera sem causar riscos, há uma pequena chance desses objetos cósmicos chegarem ao solo e, pior, colidirem com alguém.

Um estudo recente estimou que as chances de uma pessoa ser atingida por uma rocha espacial com mais de 140 metros é maior do que ser atingida por um raio. Os pesquisadores também descobriram que ser morto por um grupo de elefantes ou ter uma queda fatal em um buraco de areia também são mais raros.

“Embora seja bastante improvável que ocorra um impacto de asteroide em qualquer ano, a probabilidade não é zero e pode ser maior do que algumas pessoas esperam” explicou Carrie Nugent, líder da pesquisa e professora na Escola de Engenharia Franklin W. Olin, em entrevista ao site IFLScience.

À esquerda da linha azul estão os eventos mais raros do que uma queda de asteroide e à direita, os mais prováveis de acontecer. (Imagem: C. R. Nugent et al 2025)

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Mesmo que a probabilidade seja minúscula, a aventura humana na Terra tem milhares anos, sendo cerca de 5,5 mil deles com registros escritos. Nesse longo tempo, não é impossível imaginar que alguém tenha tido o azar de ser atingido por um meteorito.

Em 2020, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Ege, na Turquia, acreditou ter encontrado essa resposta. O grupo descobriu três documentos que registram a queda de um meteorito em agosto de 1888, em uma colina na cidade de Suleimânia, no Iraque (país que fazia parte do Império Turco Otomano à época).

Segundo os registros oficiais da época, dois homens foram atingidos pelas rochas espaciais: um ficou ferido e o outro morreu. O impacto ocorreu durante uma chuva de meteoros que também devastou plantações na região.

Gravura histórica da Suleimânia do início dos anos 1900.
Gravura histórica da Suleimânia do início dos anos 1900. (Imagem: Arquivos Império Otomano)

A documentação, escrita em turco otomano, língua antecessora do turco contemporâneo, reúne relatos de moradores que afirmam ter visto uma bola de fogo cruzar o céu antes de atingir a colina e as vítimas que estavam no local. O estudo desses registros foi publicado na revista científica Meteoritics & Planetary Science.

Pelo que sabemos, este evento é o primeiro relato de que um impacto de um meteoro matou uma pessoa, suportado por três manuscritos que o descrevem em grandes detalhes. Dado que estes documentos vêm de fontes oficiais e foram escritos por autoridades locais, incluindo o grão-vizir (primeiro-ministro do Império Otomano), não suspeitamos de sua autenticidade

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Pesquisadores acreditam que podem haver outras vítimas de rochas espaciais

Até o momento, essa foi a primeira e única morte por meteorito encontrada em registros históricos. Os autores acreditam que outros eventos desse tipo podem ter ocorrido antes e estarem registrados em documentos ainda não descobertos.

A equipe acredita que um esforço internacional e interdisciplinar poderá encontrar novos relatos de pessoas atingidas por rochas espaciais. “Essas descobertas indicam que podem existir outros registros históricos descrevendo mortes e ferimentos causados por meteoritos”, concluíram os pesquisadores. 

No fim das contas, ser atingido por um meteorito continua sendo uma probabilidade quase nula, mas, como a história mostra, não é impossível. Pesquisas futuras podem revelar outras vítimas históricas: sortudos azarados que nos lembram, de maneira dramática, dos riscos das rochas cósmicas para a vida humana.

Samuel Amaral
Redator(a)

Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.