Arqueólogos encontraram uma cruz de gesso de 1.400 anos em uma ilha próxima a Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. O artefato prova, após mais de 30 anos da primeira escavação, que as casas que hoje são um sítio arqueológico fizeram parte de um mosteiro da Igreja Oriental.
O local foi encontrado em 1992, durante um estudo arqueológico na ilha de Sir Bani Yas, a sudeste de Abu Dhabi. Ao todo, são nove pequenas casas com pátios próximas a uma igreja e um mosteiro datados dos séculos VII e VIII d.C.
Na época, os pesquisadores interpretaram esses edifícios como locais destinados à meditação monástica e reclusão, mas não encontraram evidências da relação entre as residências e a estrutura religiosa.
Em janeiro deste ano, uma equipe de arqueólogos retornou ao local para fazer novas escavações. Nesta semana, o grupo encontrou uma placa de gesso marcada por uma cruz cristã de quase 30 centímetros no pátio de uma das casas.
Segundo os pesquisadores, os traços do símbolo são similares ao das cruzes encontradas no Iraque e no Kuwait, associadas à Igreja Oriental, cujas origens remontam ao antigo Iraque.
“Este é um momento muito emocionante para nós. Agora provamos que essas casas faziam parte de um assentamento cristão”, comentou Maria Gajewska, arqueóloga do Departamento de Cultura e Turismo de Abu Dhabi, em um vídeo.
Muçulmanos e cristãos habitaram a ilha por quase 100 anos
O mosteiro em Sir Bani Yas é um dos locais onde grupos cristãos viveram antes da expansão do islamismo na Península Arábica. O cristianismo se espalhou pelo Golfo Pérsico durante os séculos IV e VI d.C., até o surgimento da religião islâmica no século VII d.C.
Os dois grupos viveram juntos na ilha até VIII d.C., quando abandonaram o mosteiro. Esses edifícios agora estão dentro das reservas naturais de Sir Bani Yas.

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Segundo a pesquisadora Hager Hasan Almenhali, a nova escavação ajuda a compreender melhor como era cotidiano dos habitantes da ilha e suas relações, tanto internas quanto com as regiões vizinhas.
Hoje o local é um destino turístico aberto ao público. Após uma reforma em 2019, a área conta com um centro de visitantes, onde é possível conhecer uma pequena exposição com artefatos de escavações anteriores.