Não é Plutão: esse planeta anão pode ter sido lar de vida no passado

Ceres pode ter sido habitável há bilhões de anos, com calor subterrâneo, água líquida e moléculas que sustentariam vida microscópica
Por Valdir Antonelli, editado por Bruno Capozzi 27/08/2025 06h50, atualizada em 28/08/2025 21h07
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Um planeta anão, gélido e localizado entre Marte e Júpiter, dentro de um cinturão de asteroides, segundo a NASA, pode ter oferecido condições habitáveis no passado.

A nova pesquisa feita pelo órgão espacial dos Estados Unidos “descobriu que Ceres pode ter tido uma fonte duradoura de energia química”, com os tipos certos de moléculas para alimentar microrganismos.

Estudo da NASA afirma que Ceres, no passado remoto, pode ter suportado vida microbiana. Crédito: NASA / JPL-Caltech / UCLA / MPS / DLR / IDA

A pesquisa baseada nos dados enviados pela Missão Dawn pode corroborar com teorias que indicam que o planeta anão deve ter tido as condições necessárias para manter vidas unicelulares.

Rochas liberavam calor enquanto se decompunham

Conforma explica a matéria da BBC, citando o estudo, há cerca de 2,5 bilhões de anos as rochas nas profundezas de Ceres geravam calor enquanto se decompunham. Esse calor, então, pode ter aquecido a água sob a superfície e criado regiões quentes em formas de fontes termais.

Comparativamente, na Terra, existem fontes termais semelhantes encontradas nas profundezas do oceano que suportam vida microscópica.

Comparativamente, na Terra, existem fontes termais semelhantes encontradas nas profundezas do oceano que suportam vida microscópica. Crédito: Alex Bosoy, Design & Illustration, LLC

Na Terra, quando a água quente do subsolo profundo se mistura com o oceano, o resultado costuma ser um banquete para micróbios, um banquete de energia química.

Sam Courville, professor na Universidade Estadual do Arizona e principal autor do estudo em nota enviada à imprensa.

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Nos dados coletados pela Missão Dawn, surgiram indícios de um passado mais complexo. As manchas brilhantes e refletivas na superfície indicam que no passado remoto, depósitos de sal foram criados por um líquido que escoava para fora do subterrâneo.

Além disso, as moléculas orgânicas também estariam presentes, mas faltava uma peça neste quebra-cabeça: a fonte de energia que faria Ceres suportar vida, afirma artigo no site Space, o que foi comprovado pelo estudo.

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Hoje, Ceres não tem condições de suportar a vida, mas estudo abre caminho para que outros planetas sejam estudados. Crédito: NASA/JPL

Sem aquecimento, sem água líquida e sem vida

  • Hoje, seria impossível para qualquer ser vivo sobreviver no planeta anão. Ele está mais frio, com menos água e muito mais gelado que no passado. Além disso, não há calor suficiente para impedir que a água presente se congele.
  • O estudo afirma que, provavelmente, Ceres “teria sido habitável entre meio bilhão e 2,5 bilhões a 4 bilhões de anos atrás, quando seu núcleo rochoso atingiu seu pico de temperatura e os fluidos quentes teriam sido introduzidos na água subterrânea”.
  • Por meio de modelos computacionais, os pesquisadores da NASA simularam como seria o interior do planeta-anão ao longo do tempo e descobriram que, “entre 2,5 e 4 bilhões de anos, o decaimento radioativo no núcleo rochoso do planeta poderia ter gerado calor suficiente para impulsionar a atividade hidrotermal”.
  • E, mesmo que a vida nunca tivesse prosperado em Ceres, a descoberta contribui para que novos estudos sobre ambientes potencialmente habitáveis sejam realizados, ampliando possíveis resultados positivos.
Valdir Antonelli
Colaboração para o Olhar Digital

Valdir Antonelli é jornalista com especialização em marketing digital e consumo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.