Existe tornado no Brasil? Descubra onde e por que eles acontecem

Embora não sejam tão frequentes no Brasil quanto nos Estados Unidos, os tornados têm efeitos devastadores quando ocorrem no país
Por Kelvin Leão Nunes da Costa, editado por Layse Ventura 22/09/2025 16h55
Tornado destrutivo devastando áreas rurais
Tornado destrutivo devastando áreas rurais perto de Minden, Iowa / Crédito: Jonah Lange (shutterstock)
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Os tornados são conhecidos como alguns dos fenômenos atmosféricos mais intensos e destrutivos do planeta. Embora sejam mais comuns nos Estados Unidos, o Brasil também está entre os países com maior incidência, devido às condições climáticas favoráveis em determinadas regiões. 

Ao longo da história, diversos episódios deixaram marcas em cidades brasileiras, com perdas humanas, prejuízos materiais e impacto profundo nas comunidades atingidas.

Recentemente, o estado de Santa Catarina voltou a emitir alertas para a possibilidade de tornados, reforçando a importância da prevenção, do monitoramento meteorológico e da conscientização da população sobre como agir diante desse tipo de fenômeno extremo.

A seguir, explicamos o que é um tornado, como ele se forma, suas categorias, por que ocorre no Brasil e relembramos os principais registros no país.

Tornado via Greg Johnson/Unsplash
Tornado via Greg Johnson/Unsplash

É possível ocorrer um tornado no Brasil?

O que é um tornado?

Um tornado é uma coluna de ar em rotação poderosa que toca o solo e se conecta a nuvens, geralmente cumulonimbus. Seu formato costuma ser em forma de cone, com a ponta mais fina em contato com a superfície.

A maioria dos tornados registra ventos entre 65 e 180 km/h e possui diâmetro médio de 75 metros, mas os mais extremos podem ultrapassar 480 km/h, alcançar 1.500 metros de largura e percorrer distâncias superiores a 100 km.

Tornado se formando sobre terras agrícolas
Tornado se formando sobre terras agrícolas,/Crédito: Domenichini Giuliano (Shutterstock)

Tipos e fenômenos semelhantes

Além do tornado clássico, existem outras variações e manifestações:

  • Landspouts: tornados mais fracos, semelhantes a redemoinhos de poeira, geralmente sem a presença de supercélulas.
  • Trombas d’água: formam-se sobre mares, rios ou lagos; podem ser perigosas para embarcações, embora muitas vezes se dissipem ao atingir terra firme.
  • Tornados de múltiplos vórtices: apresentam mais de um funil girando em torno de um centro comum, o que pode intensificar os danos.
  • Redemoinhos de poeira: fenômenos distintos, comuns em áreas áridas, geralmente de curta duração.
  • Redemoinhos de fogo: surgem quando correntes de ar giratórias interagem com chamas em incêndios florestais, espalhando o fogo de forma perigosa.

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Como um tornado se forma

Um tornado nasce a partir de tempestades muito intensas conhecidas como supercélulas. Elas surgem quando massas de ar quente e úmido colidem com ar frio e seco, criando forte instabilidade atmosférica.

Com a variação da velocidade e da direção do ar em diferentes altitudes, a corrente começa a girar horizontalmente dentro da nuvem. Quando essa rotação se inclina para a vertical, forma-se o mesociclone, uma poderosa coluna de ar em rotação.

A condensação da umidade dentro dessa corrente gera o funil típico das nuvens cumulonimbus. Quando esse funil toca o solo, ele se transforma em tornado.

Apesar de apenas uma pequena parte das supercélulas dar origem ao fenômeno, os tornados podem causar destruição em larga escala, principalmente em áreas planas e abertas.

Diferença entre tornados e furacões

Apesar de muitas vezes confundidos, os dois fenômenos são bem diferentes:

  • Furacões: medem centenas de quilômetros, formam-se sobre oceanos, duram dias e perdem força rapidamente ao atingir o continente.
  • Tornados: são menores, muito mais energéticos, com funis estreitos (raramente acima de 1 km) e duração média de 20 minutos.

Tornados no Brasil

twister imagem de tornado no filme de 1996
Tornado destruindo tudo pelo caminho no filme “Twister” de 1996 (Divulgação: Warner Bros)

O Brasil está inserido no chamado “corredor dos tornados da América do Sul”, que também abrange o Uruguai, o Paraguai, o norte da Argentina, o sul da Bolívia e a região centro-sul brasileira. 

No país, algumas condições tornam o fenômeno possível: o relevo plano em várias áreas, a interação entre o ar frio e seco vindo dos Andes e a umidade da Amazônia, além da influência de rios e corpos d’água.

Uma pesquisa da Unicamp mostrou que, entre 1990 e 2010, ocorreram cerca de 205 registros de tornados no Brasil. O município de Itupeva, em São Paulo, aparece como o mais suscetível, com 36% de probabilidade de registrar pelo menos um evento por ano.

Registros históricos de tornados no Brasil

Vídeo do canal Tips de Indaia que relembra o poderoso tornado de Itu em 1991 / Youtube
  • Canoinhas (SC), 1948 – Tornado F3 deixou 23 mortos e marcou o início de uma série de eventos semelhantes na região.
  • Itu (SP), 1991 – Tornado F4 matou 16 pessoas, feriu 200 e deixou 450 mil sem energia.
  • Almirante Tamandaré (PR), 1992 – Tornado F3 matou 6 pessoas, deixou 1.700 desabrigados e destruiu quase 500 casas.
  • Cruz Alta (RS), 2002 – Ventos destruíram 80% da cidade, felizmente sem mortes.
  • Antônio Prado (RS), 2003 – Cinco mortes registradas.
  • Palmital (SP), 2004 – Tornado F3 deixou 4 mortos e 25 feridos.
  • Indaiatuba (SP), 2005 – Tornado multivórtice causou R$ 100 milhões em prejuízos.
Tornado em Indaiatuba em 2005 / Youtube
  • Coração de Maria (BA), 2008 – Tornado destelhou 70% das casas da cidade.
  • Guaraciaba (SC), 2009 – Tornado F4 causou mortes e destruição extrema.
  • Gramado e Canela (RS), 2010 – Tornado F2 feriu 10 pessoas e destruiu 480 casas.
  • Taquarituba (SP), 2013 – Tornado F3 deixou 2 mortos e 64 feridos.
  • Porto Murtinho (MS), 2014 – Tornado provocou naufrágio com 11 mortos.
  • Brasília (DF), 2014 – Tornado F0 foi o primeiro registro oficial na capital, com ventos de 95 km/h.
  • Xanxerê (SC), 2015 – Tornado F2/F3 deixou 3 mortos e devastou 30% da cidade.
  • Marechal Cândido Rondon (PR), 2015 – Tornado F2 destruiu mais de mil residências e deixou dezenas de feridos.
Kelvin Leão Nunes da Costa
Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista formado pela Anhembi Morumbi, ama futebol e cinema. Cursou engenharia antes de descobrir sua paixão pelo jornalismo. Atualmente é analista de conteúdo e colaborador no Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.