Água na Lua: missão chinesa Chang’e-6 detalha presença no solo lunar

Missão Chang’e-6 revela a distribuição de água na Lua, mostrando variação diária e potencial uso futuro para a exploração espacial
Por Valdir Antonelli, editado por Flavia Correia 24/09/2025 20h55, atualizada em 25/09/2025 21h02
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Você sabia que existe água na Lua? Embora a ciência já tenha conhecimento disso há mais de 30 anos, desde que a missão Clementine, da NASA, fez a primeira detecção indireta de possíveis depósitos gelo em crateras polares, o volume e a distribuição eram uma incógnita. Agora, com base em dados da missão chinesa Chang’e-6, uma equipe internacional conseguiu, pela primeira vez, medir a quantidade e mapear esse recurso na superfície lunar e abaixo dela.

O estudo, publicado na revista Nature Astronomy, destaca como os ventos solares – que são responsáveis por levar partículas que podem formar água – e o impacto de meteoritos, que remexem o solo lunar e ajudam a espalhar essa água, contribuem para sua formação e distribuição.

No local em que sonda Chang’e-6 pousou, os pesquisadores perceberam que nas áreas em que os jatos de pouso mexeram o solo, a temperatura e a quantidade de água eram diferentes de outras regiões. Crédito: CNSA/CLEP

Água pode ser usada em futuras missões de exploração espacial

Segundo o a agência de notícias XinhuaNet, pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências e da Universidade do Havaí analisaram dados coletados no local onde a sonda Chang’e-6 pousou e perceberam que, nas áreas em que os jatos de pouso mexeram o solo, a temperatura e a quantidade de água eram diferentes, porque o pó fino levantado do solo foi redistribuído.

Esses jatos levantaram camadas de solo de milímetros a centímetros, permitindo aos pesquisadores estudar a água que fica logo abaixo da superfície.

O estudo mostrou:

  • O solo raso contém cerca de 76 ppm de água (partes por milhão).
  • A superfície tem em média 105 ppm de água.
  • O local da Chang’e-6 tem quase o dobro da água encontrada no local da Chang’e-5.
A Chang’e-6 pousou no polo sul lunar e encontrou o dobro de água que a Chang’e-5, que pousou na parte noroeste da Lua. Crédito: Axel Monse/Shutterstock

A missão Chang’e-6 fez a coleta na Bacia de Aitken, em 2024, no polo sul e no lado oculto da Lua. A missão anterior, a Chang’e-5, pousou no Oceano das Tempestades em 2020, na parte noroeste da Lua.

Quantidade de água na Lua varia durante o dia lunar

Outra descoberta dos pesquisadores é que a quantidade de água varia ao longo do dia lunar, com o menor valor registrado ao meio-dia local. Para eles, a diferença está relacionada ao tipo de solo, tamanho das partículas, profundidade e horário, demonstrando que os ventos solares e os impactos de meteoritos controlam a distribuição da água.

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“Nossas descobertas destacam o papel da implantação do vento solar e da jardinagem de impacto na formação e distribuição de água na superfície e no subsolo lunar, com implicações para outros corpos sem ar, como Mercúrio, Vesta e objetos próximos à Terra”, explicam os pesquisadores na conclusão do estudo.

China pretende realizar outras duas missões para explorar a água no solo Lunar. A Chang’e-7, em 2026, e a Shang’e-8, em 2029. Crédito: Merlin74/Shutterstock

Outras duas missões chinesas continuarão a explorar o solo lunar. A Chang’e-7 e a Chang’e-8 devem partir em 2026 e 2029, respectivamente, para explorar regiões ainda mais ao sul da Lua e testar se é possível aproveitar os recursos para abastecer a Estação Internacional de Pesquisa Lunar, que deve começar a ser construída em 2035.

Valdir Antonelli
Colaboração para o Olhar Digital

Valdir Antonelli é jornalista com especialização em marketing digital e consumo.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.