Você sabia que existe água na Lua? Apesar de ainda não ser possível estimar a quantidade total disponível, a descoberta feita pela missão Chang’e-6 é importante, pois demonstra que o nosso satélite não é um corpo totalmente seco e que essa água pode, no futuro, ser utilizada.
O estudo publicado na revista Nature Astronomy destaca como os ventos solares – que são responsáveis por levar partículas que podem formar água – e o impacto de meteoritos, que remexem o solo lunar e ajudam a espalhar essa água, contribuem para sua formação e distribuição.

Água pode ser usada em futuras missões de exploração espacial
Segundo o XinhuaNet, pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências e da Universidade do Havaí analisaram dados coletados no local onde a sonda Chang’e-6 pousou e perceberam que, nas áreas em que os jatos de pouso mexeram o solo, a temperatura e a quantidade de água eram diferentes, porque o pó fino levantado do solo foi redistribuído.
Esses jatos levantaram camadas de solo de milímetros a centímetros, permitindo aos pesquisadores estudar a água que fica logo abaixo da superfície.
O estudo mostrou:
- O solo raso contém cerca de 76 ppm de água (partes por milhão).
- A superfície tem em média 105 ppm de água.
- O local da Chang’e-6 tem quase o dobro da água encontrada no local da Chang’e-5.

A missão Chang’e-6 fez a coleta na Bacia de Aitken, em 2024, no polo sul e no lado oculto da Lua. A missão anterior, a Chang’e-5, pousou no Oceano das Tempestades em 2020, na parte noroeste da Lua.
Quantidade de água na Lua varia durante o dia lunar
Outra descoberta dos pesquisadores é que a quantidade de água varia ao longo do dia lunar, com o menor valor registrado ao meio-dia local. Para eles, a diferença está relacionada ao tipo de solo, tamanho das partículas, profundidade e horário, demonstrando que os ventos solares e os impactos de meteoritos controlam a distribuição da água.
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“Nossas descobertas destacam o papel da implantação do vento solar e da jardinagem de impacto na formação e distribuição de água na superfície e no subsolo lunar, com implicações para outros corpos sem ar, como Mercúrio, Vesta e objetos próximos à Terra”, explicam os pesquisadores na conclusão do estudo.

Outras duas missões chinesas continuarão a explorar o solo lunar. A Chang’e-7 e a Chang’e-8 devem partir em 2026 e 2029, respectivamente, para explorar regiões ainda mais ao sul da Lua e testar se é possível aproveitar os recursos para abastecer a Estação Internacional de Pesquisa Lunar, que deve começar a ser construída em 2035.