Um artigo publicado nesta quinta-feira (2) no periódico científico The Astrophysical Journal Letters descreve a descoberta de um planeta com uma taxa de crescimento muito impressionante. Esse mundo fora do Sistema Solar aumenta cerca de seis bilhões de toneladas por segundo.
Batizado de Cha 1107-7626, o planeta errante – como são chamados aqueles que flutuam livres pelo espaço, sem estarem presos gravitacionalmente a qualquer estrela – foi detectado por uma equipe internacional de astrônomos usando o Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul (ESO), instalado no Chile.
Sobre o planeta Cha 1107-7626:
- Astrônomos descobrem planeta errante crescendo seis bilhões toneladas por segundo;
- O planeta solitário Cha 1107-7626 foi detectado usando o VLT, no Chile;
- Estima-se haver até vinte vezes mais planetas isolados que estrelas na Via Láctea;
- Observações mostraram surtos luminosos intensos, classificados como explosões recorrentes EXor;
- Esses eventos permitem estudar a formação e o desenvolvimento inicial de planetas errantes.
Embora tenha sido identificado pela primeira vez apenas em 2000, esse tipo de objeto pode ser muito mais comum do que se imaginava, com estimativas de até 20 vezes mais planetas errantes do que estrelas na Via Láctea.
Assim como os exoplanetas convencionais, esses mundos solitários apresentam diferentes tamanhos e composições, sendo os rochosos os mais frequentes. Segundo o estudo, Cha 1107-7626 tem entre cinco e 10 vezes a massa de Júpiter, o que não é suficiente para iniciar a fusão de deutério e se tornar uma anã marrom. Apesar disso, ele ainda está em fase de crescimento, acumulando massa de forma intensa.

Descoberta confunde limite entre estrelas e planetas
Observações feitas com o VLT e o Telescópio Espacial James Webb (JWST) mostraram que o planeta passou por surtos de brilho entre abril e agosto de 2025, aumentando sua luminosidade em 1,5 a 2 magnitudes. Nesses períodos, a taxa de crescimento saltou de forma excepcional, tornando-se a maior já registrada para um objeto com massa planetária.
De acordo com um artigo sobre estrelas de massa baixa, esses eventos são classificados como explosões do tipo EXor, nomeadas a partir da estrela jovem EX Lupi, que apresenta surtos curtos e repetidos. Objetos EXor sofrem aumentos de brilho menores e mais rápidos que os chamados FUor, que duram décadas e são mais intensos. Cha 1107-7626 se tornou o primeiro objeto subestelar observado com explosões recorrentes desse tipo.

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Os astrônomos ainda buscam respostas sobre como esses planetas errantes se formam e como acabam soltos no espaço. “Será que são planetas gigantes expulsos de seus sistemas ou objetos de baixa massa formados como estrelas?”, questiona o professor Aleks Scholz, coautor do estudo, em um comunicado.
Segundo a equipe, essas explosões oferecem uma oportunidade única para estudar a fase inicial de mundos errantes. “A descoberta confunde a linha entre estrelas e planetas e mostra os primeiros momentos de crescimento desses mundos solitários”, destaca a coautora Belinda Damian, astrônoma da Universidade de St. Andrews, na Escócia.