Se 2025 começou difícil para a Starship, a SpaceX provou que superou as dificuldades dos três primeiros testes e realizou um voo perfeito na noite da última segunda-feira (13). O quinto teste deste ano (11º no total) mostrou que o foguete está mais maduro, repetindo alguns objetivos do já bem-sucedido lançamento de agosto (até então o único totalmente completo do ano). Esse voo marcou a despedida da versão V2, que não deve deixar saudades, e prepara o terreno para a próxima versão, que deve estrear entre o fim deste ano e o começo do próximo.
Com a segunda versão (V2) encerrando seu ciclo, a empresa já direciona seus esforços para a Versão 3 (V3), um protótipo ainda mais robusto, que deve começar a testar a Starship de forma ainda mais ousada, elevando os planos da empresa – que vai precisar correr contra o tempo se quiser manter o cronograma.
Como foi o lançamento?
O propulsor Super Heavy cumpriu seu papel primário: impulsionou a nave Starship e executou uma separação limpa, seguida por um pouso controlado no oceano. Este pouso, no entanto, foi mais do que um simples splashdown; ele incorporou manobras sofisticadas destinadas a simular o retorno futuro e a captura pela torre de lançamento, um feito essencial para a reutilização rápida que a SpaceX almeja.

Enquanto isso, o estágio superior da Starship realizou uma série de testes cruciais no espaço. Um dos mais significativos foi uma nova ejeção bem-sucedida de satélites simulados por meio de uma escotilha lateral, validando o design futuro para implantar constelações de satélites Starlink.
Como destacado durante a transmissão, a Starship tem o potencial de revolucionar esse processo, carregando lotes de satélites Starlink V3 que agregariam uma capacidade de rede 20 vezes superior à do foguete Falcon 9 atual.
Em outro teste, a empresa removeu intencionalmente algumas das placas de proteção térmica para forçar os limites do veículo e identificar pontos fracos durante a reentrada. Ao contrário das outras vezes, a nave não parece ter tido nenhum problema em sua chegada à Terra.

O que esperar da Starship no futuro?
A ambição da SpaceX vai muito além da órbita terrestre, com a NASA contando com o veículo para pousar astronautas na Lua até 2027, e Elon Musk visando colonizar Marte. Para essas missões de espaço profundo, a SpaceX precisa dominar uma tecnologia nunca antes demonstrada em escala: o reabastecimento orbital.
Esse processo, que envolve a transferência de combustível entre naves Starship no espaço, é um gargalo tecnológico. As estimativas de quantos voos de reabastecimento seriam necessários para uma única missão lunar variam dramaticamente – de cerca de 10, segundo um executivo da SpaceX, até possíveis 40, de acordo com análises externas –, destacando a incerteza inerente a esse empreendimento. A V3 será crucial nisso.
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Como mencionado, vimos o estágio superior da Starship pousar no Oceano Índico. Mas os planos para o futuro são ousados: pousar a nave na própria Starbase, para que seja reutilizada.
Esse deve ser o próximo grande objetivo da Starship. Talvez não ocorra no próximo lançamento, mas é algo no qual a empresa vem trabalhando. Algumas atualizações adicionadas ao décimo teste foram, inclusive, voltadas para aproximar a nave desse plano.
O pouso, entretanto, é algo complexo. Pousar a Starship na Starbase, mesmo local de decolagem, pode ser perigoso e causar danos estruturais na base de lançamento. Por isso, a SpaceX trata esse objetivo com bastante cautela.

Objetivos são ousados
A NASA, principal cliente e parceira, observa o progresso com um otimismo cauteloso. O administrador interino da agência, Sean Duffy, afirmou que o sucesso deste teste é “crítico” para o programa Artemis, enfatizando a corrida contra o tempo para retornar à Lua antes da China.
Em suma, enquanto o voo de teste mais recente da Starship representa um salto monumental e prova a resiliência de seu design, ele também serve como um lembrete vívido de que a jornada para transformar a Starship de um protótipo de teste em uma nave espacial operacional – capaz de levar a humanidade de volta à Lua e além – está apenas começando. A transição para a Versão 3 será o próximo grande teste para determinar se a SpaceX pode cumprir suas promessas transformadoras.