A SpaceX é uma empresa jovem: foi fundada em 2002 pelo bilionário Elon Musk, com o objetivo de baratear o custo de acesso ao espaço com o desenvolvimento de foguetes reutilizáveis. E ao longo de 18 anos ela vem surpreendendo, indo do primeiro voo bem-sucedido a missões tripuladas à Estação Espacial Internacional (ISS) em pouco mais de uma década. Conheça um pouco mais dos veículos que tornaram esta jornada possível.
Falcon 1
Antes do Falcon 9 houve o Falcon 1, que tinha este nome em homenagem à “Millenium Falcon” de Star Wars e ao fato de ter apenas um propulsor. O foguete foi desenvolvido como um veículo de teste, para demonstrar que a SpaceX era capaz de colocar cargas em órbita.
Entre março de 2006 e julho de 2009 foram cinco lançamentos. Os três primeiros falharam, e o sucesso só veio em setembro de 2008.
Falcon 9
Sucessor do Falcon 1, o Falcon 9 tem esse nome por causa de seus nove propulsores “Merlin”. O primeiro voo, em junho de 2010, já foi um sucesso, colocando em órbita uma versão de testes do que seria a primeira geração da cápsula Dragon, na época projetada apenas para transporte de carga à ISS.
Em 10 anos de operação, a SpaceX já realizou 113 lançamentos do Falcon 9, sendo 111 deles bem-sucedidos, demonstrando um alto grau de confiabilidade.
Em dezembro de 2015, com o primeiro pouso em solo do primeiro estágio, o foguete passou a ser reutilizável, reduzindo significativamente o custo das missões. Mas o primeiro pouso em uma balsa robótica, algo muito mais complexo, só aconteceu em abril de 2016.
A SpaceX projetou os Falcon 9 para uma vida útil de até 10 lançamentos. Atualmente, o que está mais próximo disso é o B1051, com 9 lançamentos, o primeiro deles em março de 2019 e o mais recente em março deste ano.
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Grasshopper
O Grasshopper (gafanhoto, em inglês) não foi um foguete comercial, mas sim um protótipo desenvolvido pela SpaceX para que pudesse conseguir experiência no pouso dos Falcon 9. Equipado com apenas um propulsor Merlin, ele não foi projetado para chegar à órbita, mas sim para voos de baixa altitude dentro de nossa atmosfera.
O primeiro voo de um Grasshopper foi um breve “salto” a 1,8 metros de altura em setembro de 2012. No último, em outubro de 2013, o foguete chegou a 744 metros.
Após este voo ele foi aposentado e substituído pelo Falcon 9 Reusable Development Vehicle 1 (F9R Dev1), baseado no primeiro estágio de um Falcon 9 versão 1.1. O F9R Dev1 fez cinco voos entre abril e agosto de 2014, atingindo uma altitude máxima de 1.000 metros no terceiro teste, em 17 de junho de 2014, e foi destruído em um acidente durante o último teste, em agosto de 2014.
Falcon Heavy
O Falcon Heavy é um foguete “peso pesado” (daí o Heavy, pesado em inglês, no nome), que consiste basicamente em três primeiros estágios do Falcon 9 montados lado a lado. Com isso, é capaz de colocar 63,8 toneladas em órbita baixa ao redor da Terra (contra as 22,8 toneladas da versão mais recente do Falcon 9), ou 16,8 toneladas em uma trajetória a caminho de Marte.
Em seu primero voo, em fevereiro de 2018, o Falcon Heavy enviou ao espaço o Tesla Roadster Vermelho de Elon Musk. “Dirigido” por um manequim usando um traje espacial da empresa e tocando “Life on Mars”, de David Bowie, no sistema de som, o carro foi colocado em uma órbita heliocêntrica (ao redor do Sol), cujo ponto mais distante intersecta e vai pouco além da órbita de Marte.
Crew Dragon
Embora não seja um foguete, a Crew Dragon é um ponto crucial na história da SpaceX. A cápsula foi projetada para missões tripuladas à órbita terrestre e além, e pode carregar até sete tripulantes, embora até o momento as missões da Nasa tenham sido limitadas a quatro astronautas.
A primeira missão da Crew Dragon foi a Demo-2, em maio de 2020, que levou os astronautas Bob Behnken e Doug Hurley até a ISS. Assim como os foguetes Falcon 9, a cápsula é reutilizável e pousa no oceano com a ajuda de paraquedas.
Uma versão de carga, a Cargo Dragon, também foi desenvolvida pela SpaceX. Ela é basicamente idêntica à versão tripulada, porém não tem assentos, controles, sistema de suporte de vida ou os motores SuperDraco, usados para ejetar a cápsula e levar os astronautas à segurança caso uma missão tenha de ser abortada após o lançamento.
Starship
O projeto atual da SpaceX é a Starship, que a empresa pretende usar para levar astronautas à Lua e eventualmente colonizar Marte. O desenvolvimento segue em ritmo acelerado e seis protótipos já “voaram”: SN5 e SN6 fizeram curtos saltos de 150 metros seguidos de pouso na plataforma de lançamento.
O SN7 foi destruído propositalmente em um teste de pressurização. Já SN8, SN9, SN10 e SN11 fizeram testes de “grande altitude”, subindo a 10 km de altitude antes de tentar o pouso vertical em uma plataforma.
Os dois primeiros explodiram no momento do pouso, SN10 pousou com sucesso, mas explodiu minutos depois, já no solo. Por fim o SN11 explodiu em pleno ar, durante a descida, espalhado destroços em um raio de 8 quilômetros.
Apesar dos “percalços”, a Nasa tem confiança no projeto. Em abril de 2021 a agência espacial norte-americana anunciou que a SpaceX e a Starship foram as escolhidas para levar astronautas à Lua durante as missões do programa Artemis.