Planeta leve e inflado contraria expectativas sobre mundos alienígenas

Apesar de ter quase o mesmo diâmetro de Júpiter, o planeta é extremamente leve – tem menos de um décimo da massa do gigante gasoso
Flavia Correia14/10/2025 17h58
planeta-super-puff-1920x1080
Realistic exoplanet with a thick atmosphere. Extrasolar giant planet. Super-Earth on a black background.
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Um artigo disponível no servidor de pré-impressão arXiv, onde aguarda revisão de pares para validação e publicação, descreve um exoplaneta tão incomum que desafia quase tudo o que se sabe sobre a formação de mundos fora do Sistema Solar

Chamado TOI-4507 b, ele está localizado a cerca de 578 anos-luz da Terra e orbita uma estrela muito jovem, com apenas 700 milhões de anos. Apesar de ter quase o mesmo diâmetro de Júpiter, o planeta é extremamente leve – tem menos de um décimo da massa do gigante gasoso, o que o classifica como um “super-puff” (planeta superinchado).

Em resumo:

  • Novo estudo descreve exoplaneta incomum que desafia teorias atuais de formação;
  • TOI-4507 b é um gigante gasoso leve, com densidade extremamente baixa e atmosfera inflada;
  • Sua órbita quase polar e longa torna o planeta um grande enigma astronômico;
  • Observações do TESS e ASTEP mostram ausência significativa de aquecimento de maré;
  • Telescópio Espacial James Webb investigará a atmosfera para esclarecer a origem e a estrutura desse planeta.
Imagem representativa do exoplaneta TOI-4507 b com base na animação do StellarCatalog. Crédito: Imagem gerada por IA/Gemini inspirada no StellarCatalog

TOI-4507 b quebra regras de planetas super-puffs

Super-puffs são mundos de baixa densidade e atmosfera inflada, mas o TOI-4507 b se destaca até mesmo entre eles. Ele completa uma volta ao redor de sua estrela em 105 dias, uma órbita considerada longa para esse tipo de planeta. Além disso, seu movimento é quase perpendicular ao eixo de rotação da estrela, o que significa que ele viaja em uma trajetória quase polar – um alinhamento raro e intrigante. Essas características tornam o TOI-4507 b um enigma para os astrônomos.

Os cientistas responsáveis pela descoberta analisaram dados do Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito (TESS), da NASA, e do Telescópio Antártico de Pesquisa em Trânsito de Exoplanetas (ASTEP), localizado na Antártida.

TOI-4507 b surpreende pela combinação de grande tamanho, leveza atmosférica e trajetória incomum em torno de sua jovem estrela. Crédito: ESO/L. Calçada

Normalmente, planetas superinchados mantêm suas atmosferas expandidas graças ao chamado “aquecimento de maré”, processo que ocorre quando a gravidade da estrela deforma o planeta, gerando calor interno. No caso do TOI-4507 b, no entanto, ele está longe demais de sua estrela para que esse efeito seja relevante.

Leia mais:

Anéis podem ser a causa do tamanho aparente do objeto

Outra hipótese é que o planeta não seja tão grande quanto parece, mas que um sistema de anéis esteja ampliando sua aparência, o que os pesquisadores também consideram improvável, pois a temperatura do TOI-4507 b é alta demais para que anéis persistam por longos períodos. Isso leva a crer que o planeta passou por algum evento drástico (talvez uma colisão ou a influência gravitacional de outro corpo distante) que pode ter alterado sua órbita e o alinhamento de seu sistema.

Conforme destaca o site Space.com, com tantas interrogações, o TOI-4507 b deve se tornar um alvo prioritário para o Telescópio Espacial James Webb (JWST). Por causa da atmosfera rarefeita e da luz intensa de sua estrela, ele é ideal para análises detalhadas que podem revelar a composição de seus gases. Essas futuras observações podem, enfim, ajudar a explicar como um planeta tão leve e inchado conseguiu surgir em um sistema tão jovem e desordenado.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.