Por que o Zolpidem pode causar alucinação?

Veja o motivo da ocorrência desse efeitos colateral nos pacientes e como é possível evitá-lo ao administrar o fármaco
Por Matheus Chaves, editado por Layse Ventura 25/10/2025 07h20
Zolpidem
Frasco com comprimidos de Zolpidem - Imagem: luchschenF/Shutterstock
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O Zolpidem é um medicamento conhecido desde 1988 na Europa, mas que chegou às Américas nos anos de 1990. Ele pertence à família dos hipnóticos e serve para ajudar pessoas com insônia, caracterizada pela dificuldade ocasional (de 2 a 5 dias) ou transitória (de 2 a 3 semanas) para dormir. 

Apesar de ser considerado eficaz quando é tomado corretamente pelo paciente, ou seja, seguindo as recomendações médicas, e por um período de no máximo quatro semanas, o remédio pode trazer alguns efeitos colaterais, como as alucinações, já relatadas por diversas pessoas nas redes sociais. 

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O que é uma alucinação?

imagem mostra um homem em roupas sociais, em pé num fundo neutro, assustado porque há uma sombra à sua frente com a silhueta de um mostro, o que gera medo no homem
Homem com medo (Imagem: ra2 studio/Shutterstock)

A alucinação é algo caracterizado pelo fato de a pessoa ter convicção de estar vendo, ouvido e/ou sentido coisas que, na verdade, não estão naquele ambiente. Um exemplo comum é quando um indivíduo escuta vozes inexistentes.

Causas 

Profissionais apontam que as alucinações podem acontecer por conta de uma desregulação da atividade neural no cérebro. Isso ocorre depois de áreas do órgão, que realizam o processamento sensorial, serem afetadas, desencadeando informações sensoriais falsas, mas aparentemente reais para quem está sentindo. 

Outro motivo desse quadro é a hiperatividade neuronal, uma situação na qual determinadas regiões do cérebro se tornam excessivamente ativas, gerando a percepção de estímulos sensoriais não reais. 

Imagem mostra um soldado sentado em um sofá, com as mãos segurando o rosto em tom de tristeza, simbolizando a depressão
Foto ilustrativa de uma pessoa traumatizada – Imagem: Motortion Films/Shutterstock

A ativação de memórias e emoções armazenadas no cérebro, principalmente se estiverem conectadas a coisas traumáticas que ocorreram no passado, também podem gerar alucinações.

Além disso, os desequilíbrios nos níveis de neurotransmissores, como a serotonina e dopamina podem contribuir para o quadro. Mas uma razão é a utilização de substâncias, como alucinógenos como o DMT e LSD, pois elas interferem nos receptores de neurotransmissores no cérebro, fazendo a pessoa alucinar. 

Quem sofre de esquizofrenia, distúrbios psicóticos, uso abusivo de substâncias, enxaquecas e outras condições neurológicas e psiquiátricas também correm o risco de ter alucinações. 

Diferença entre alucinação e delírio

Imagem ilustrativa representando uma alucinação
Representação de alucinação (Imagem: Ehimetalor Akhere Unuabona/Unsplash)

Tanto a alucinação quanto o delírio estão dentro do quadro de psicose, ou seja, uma condição mental na qual o indivíduo perde a capacidade de notar e interagir com a realidade. 

Todavia, a grande diferença é que nas alucinações a pessoa enxerga imagens não reais, como objetos voadores, vozes e outras coisas. Porém, elas sabem que aquilo não é real. 

O delírio é diferente, pois tem como característica a distorção da imagem de objetos verdadeiros. Ele acontece devido a crenças, interpretações individuais e distúrbios psíquicos que a pessoa atribui a juízos falsos em relação ao mundo real. 

Por que o Zolpidem pode causar alucinações?

Zolpidem
Ilustração do medicamento Zolpidem – Imagem: Sonis Photography/Shutterstock

O Zolpidem age em um receptor dos neurônios do corpo humano, mexendo com um químico cerebral cujo nome é ácido gama-aminobutírico, conhecido como Gaba. Dessa forma, a pessoa fica sedada e dorme rapidamente, ao contrário do processo natural do sono, no qual o indivíduo realiza aos poucos e começa a se desconectar da realidade até dormir. 

O medicamento é eficaz para quem não consegue dormir de nenhuma forma, mas se utilizado de maneira errada e por um longo período, pode causar diversos efeitos colaterais, como as alucinações. 

É fundamental que o remédio seja utilizado assim que o paciente se deitar, impedindo que ocorram estímulos luminosos e sonoros, como do celular e da televisão.

Caso contrário, o cérebro do paciente continuará funcionando, mas em um estado de sonambulismo, sendo que ele não fica totalmente acordado e nem em sono profundo. É nesse momento que ocorrem alucinações e outros efeitos colaterais.

Outro ponto importante é não elevar a sua dose sem orientação médica e não utilizar o fármaco por um tempo prolongado.

Matheus Chaves
Colaboração para o Olhar Digital

Matheus Chaves é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.