Nebulosa da Aranha Vermelha encanta em nova imagem do James Webb

Imagem capturada pelo Telescópio Espacial James Webb da Nebulosa da Aranha Vermelha mostra como será o destino do Sol
Flavia Correia30/10/2025 19h03
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Representação artística do Telescópio Espacial James Webb. Crédito: Vadim Sadovski - Shutterstock
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As nebulosas planetárias são o espectro cósmico do Universo, um misto de beleza e o prenúncio da morte estelar. Elas marcam o fim dramático de estrelas similares ao nosso Sol. A Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou esta semana um registro bem propício ao Halloween, feito pelo Telescópio Espacial James Webb, da NASA, de um desses espetáculos de cores e ruínas.

O nome, que parece ter relação com planetas, é um erro histórico nascido na era dos telescópios primitivos. Naquela época, a forma arredondada desses objetos levou astrônomos a uma confusão que, embora corrigida, perdurou no rótulo.

Sobre as nebulosas planetárias:

  • Nebulosas surgem quando estrelas esgotam seu combustível nuclear e incham, tornando-se uma gigante vermelha que ejeta suas camadas externas;
  • O que resta é um núcleo incandescente central, que irradia energia;
  • A energia ioniza o gás expelido, criando as cores e formas vibrantes das nebulosas;
  • O resultado é um fenômeno cósmico visualmente impressionante.

Olhar do Webb revela futuro que espera pelo Sol

Nosso Sol tem um destino semelhante traçado: ele se expandirá para mais de 200 vezes o seu tamanho atual, transformando-se em um “fantasma estelar” que pode consumir todos os planetas em seu entorno, incluindo a Terra. A observação das nebulosas planetárias, portanto, é um vislumbre de nosso futuro distante.

Essa dinâmica é ilustrada na imagem da Nebulosa da Aranha Vermelha capturada pelo Webb, divulgada nesta terça-feira (28) pela ESA. As cores que vemos, no entanto, são uma “maquiagem de Halloween”: o telescópio capta o infravermelho, invisível aos olhos humanos, e cientistas aplicam tonalidades artificiais para mapear diferentes elementos. Tons azulados, por exemplo, destacam a presença de hidrogênio molecular, guiando a ciência por dentro da estrutura.

Uma visão deslumbrante da Nebulosa da Aranha Vermelha (NGC 6537), capturada pelo Telescópio Espacial James Webb da NASA/ESA/CSA, revela detalhes inéditos dessa estrutura cósmica em meio a um campo repleto de estrelas. Crédito: ESA/Webb, NASA e CSA, JH Kastner (Instituto de Tecnologia de Rochester)

No centro da nebulosa, há uma estrela visível, mas a morfologia em ampulheta sugere a presença de uma companheira invisível, formando um sistema binário. O JWST revela ainda uma camada de poeira quente que envolve a estrela detectável. Os lóbulos dessa gigantesca “aranha” cósmica se estendem por cerca de três anos-luz, inflados pelo gás ejetado ao longo de milênios. Um padrão em ‘S’, sutilmente avermelhado, é associado à emissão de ferro ionizado.

O pano de fundo da imagem é um céu de arrepiar, repleto de estrelas e galáxias distantes, demonstrando a sensibilidade notável do JWST. As estrelas mais brilhantes exibem um padrão de oito pontas, que é a “assinatura” inconfundível do espelho segmentado do telescópio.

Com seu inigualável poder de resolução, o JWST não para de surpreender, desta vez demonstrando que, no cosmos, o fim da vida estelar é, paradoxalmente, um dos mais fascinantes e catastróficos espetáculos já registrados pela ciência.

A Nebulosa da Aranha Vermelha vista pelo Telescópio Espacial Hubble. Crédito: ESA e Garrelt Mellema (Universidade de Leiden, Holanda)

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Sobre a Nebulosa da Aranha Vermelha

Também denominada NGC 6537, a Nebulosa da Aranha Vermelha é uma impressionante nebulosa planetária localizada na constelação de Sagitário. Foi descoberta em 15 de julho de 1882 pelo astrônomo Edward Charles Pickering, dos EUA, durante observações sistemáticas do céu. Situada a aproximadamente quatro mil anos-luz da Terra, ela se destaca pelo formato complexo, lembrando uma aranha, e pelo intenso brilho vermelho emitido pelo gás ionizado.

Com cerca de três anos-luz de diâmetro, é relativamente compacta em comparação a outras nebulosas. Sua estrutura revela jatos de gás que se estendem a grandes velocidades, formando padrões intricados ao redor de sua estrela central moribunda. A Nebulosa da Aranha Vermelha é um dos exemplos mais fascinantes de nebulosas planetárias estudadas por astrônomos, oferecendo pistas sobre os estágios finais da vida de estrelas de massa média.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.