Tem um cometa dourado no céu

Além do tão falado 3I/ATLAS, há outro cometa no céu, descoberto pelo mesmo programa de observação – e ele é incrivelmente dourado
Flavia Correia03/11/2025 07h50
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Cometa 2025/K1 (ATLAS) fotografado em 1º de novembro de 2025 em Ballico, Califórnia, EUA. Crédito: Richard Sears via Spaceweather.com
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Descoberto em maio deste ano pelo Sistema de Último Alerta para Impacto de Asteroides com a Terra (ATLAS), financiado pela NASA, o cometa C/2025 K1 (ATLAS) tem chamado atenção de quem o observa por ter assumido uma coloração incomum. Enquanto a maioria dos cometas é verde ou azul, este apresenta raros tons dourados e vermelho-acastanhados.

Em poucas palavras:

  • Cometa C/2025 K1 (ATLAS) é visto em tons dourados e vermelho-acastanhados raros;
  • Ele foi fotografado logo após sua passagem próxima ao Sol;
  • Cor incomum deve-se à baixa concentração de carbono na composição química;
  • Objeto seguirá sua órbita, reaproximando-se da Terra em 26 de novembro.

O astrônomo amador Dan Bartlett, de June Lake, Califórnia, tirou uma foto impressionante do objeto na última quarta-feira (29). À plataforma de climatologia e meteorologia espacial Spaceweather.com, ele disse que não era esperado que o cometa sobreviveria ao periélio (encontro mais próximo do Sol), ocorrido em 8 de outubro. 

Com baixa concentração de compostos de carbono (CN, CO, CO2 e C2, que conferem uma coloração azul-esverdeada aos cometas), o 2025/K1 (ATLAS) possui uma proporção maior de compostos de OH e H2O, resultando em uma cor vermelho-acastanhada/dourada raramente vista em objetos do tipo. Crédito: Dan Bartlett via Spaceweather.com

Naquele momento, o corpo celeste chegou a apenas 0,33 unidades astronômicas (cerca de 49,5 milhões de quilômetros) da estrela, enfrentando calor intenso que poderia desintegrá-lo. Para surpresa dos cientistas, ele resistiu e continua visível no céu antes do amanhecer.

Por que o cometa é dourado

A cor rara está ligada à composição química incomum do cometa, que tem origem na Nuvem de Oort (uma região muito distante do Sistema Solar, repleta de pequenos corpos gelados). Ele apresenta concentrações extremamente baixas de compostos de carbono, normalmente encontrados em outros cometas. 

Segundo o astrônomo David Schleicher, do Observatório Lowell, centro de pesquisa astronômica em Flagstaff, Arizona, EUA, gases como o CN (uma molécula formada por carbono e nitrogênio que normalmente dá cor verde aos cometas) estão em níveis excepcionalmente baixos. Essa ausência resulta no tom dourado observado.

Cometa C/2025 K1 (ATLAS), fotografado de Payson, Arizona, EUA, em 1º de novembro de 2025. Atualmente baixo no horizonte leste, o objeto está na constelação de Virgem, podendo ser visto com binóculos antes do nascer do Sol. Crédito: Chris Schur via Spaceweather.com

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Objeto não pode ser visto a olho nu

De acordo com o site de monitoramento TheSkyLive, o cometa está atualmente na constelação de Leão, a mais de 121 milhões de quilômetros da Terra. Com magnitude 10.6, ele não é visível a olho nu, sendo necessário usar binóculos ou telescópios. A coma (nuvem de gás que envolve o núcleo) mede 1,6’ (minutos de arco), e a cauda 8,3’. Isso significa que a coma aparece pequena no céu, com cerca de 3,3% do diâmetro da Lua cheia, enquanto a cauda é cinco vezes maior.

Após resistir ao periélio, o objeto seguirá sua órbita pelo Sistema Solar e se aproximará da Terra novamente em 26 de novembro, depois da primeira passagem em 13 de agosto. Acompanhá-lo de perto permite aos cientistas analisar sua composição incomum e observar como materiais primordiais do Sistema Solar reagem à proximidade do Sol, oferecendo pistas sobre a formação de cometas e a história dos corpos celestes gelados que cercam nosso planeta.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.

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