Meteoros dão show de brilho nos céus do RS

Na última noite, os céus de algumas cidades gaúchas foram riscados pelas luzes de meteoros, que podem fazer parte da chuva Táuridas do Sul
Flavia Correia04/11/2025 11h24, atualizada em 04/11/2025 11h31
meteoro-bento-goncalves-RS-041125-1920x1080
Meteoro rasga o céu sobre Bento Gonçalves (RS) na noite de segunda-feira (3). Crédito: Observatório Heller & Jung
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Nem mesmo a Lua, que estava com 96% de luminosidade (quase cheia), deixando a noite mais clara, foi capaz de ofuscar a passagem de um meteoro pelo céu de Bento Gonçalves (RS) e adjacências na segunda-feira (3).

De acordo com o professor Carlos Fernando Jung, responsável pelo Observatório Heller & Jung, localizado na cidade de Taquara (RS), o meteoro, um fragmento de um corpo celeste ainda desconhecido, foi do tipo “bola de fogo”, com magnitude de -4.4. Já a Lua estava com magnitude de -12.26. Quanto mais brilhante um objeto parece, menor é esse valor (relação inversa). O Sol, por exemplo, que é o corpo mais brilhante do céu, tem magnitude aparente de -27.  

Um pouco mais tarde, já no início da madrugada de terça-feira (4), outro meteoro foi registrado nos céus gaúchos, mais precisamente em Passo Fundo e Santa Maria. Não há informações mais detalhadas sobre esse evento.

Chuva de meteoros Táuridas do Sul tem “enxame” previsto para este mês

Esses fenômenos podem estar relacionados à chuva de meteoros Táuridas do Sul, que está no pico de atividade.

Essa chuva é composta por partículas deixadas pelo cometa 2P/Encke – o segundo cometa periódico identificado na história. As Táuridas são conhecidas por ter longa duração e baixa taxa de meteoros por hora. Em compensação, seus fragmentos são maiores e costumam gerar bolas de fogo brilhantes e até coloridas.

Chuva de meteoros Táuridas do Sul vista em outubro de 2020 sobre a Estação Bharati, na Antártica, acompanhada das luzes da aurora austral, com Marte à direita. Crédito: Ankush Magotra/Reprodução X

No calendário oficial das chuvas de meteoros de 2025, a Organização Internacional de Meteoros (IMO) prevê um “enxame Taurídeo” para este mês, com o número de rastros luminosos e bolas de fogo crescendo de forma expressiva. A expectativa é que essa fase de maior atividade dure cerca de uma semana, com o auge justamente no dia 3, conforme destaca a plataforma Starwalk Space.

Leia mais:

O que é um meteoro “bola de fogo”?

Quando pequenas rochas espaciais, chamadas meteoroides, entram na atmosfera terrestre a altíssimas velocidades, mesmo fragmentos minúsculos aquecem o ar e produzem um intenso clarão, que os astrônomos chamam de meteoro (popularmente conhecidos como “estrelas cadentes”).

Esses eventos são apenas luminosos – não são objetos físicos. “Meteoro não é sólido, não é líquido nem gasoso, é apenas luz”, explica Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB),  diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon) e colunista do Olhar Digital.

Terminologia dos meteoros. Crédito: AMS

De acordo com a Sociedade Americana de Meteoros (AMS), quando o brilho de um meteoro é igual ou superior ao de Vênus (magnitude -4), ele é classificado como “bola de fogo”. Se for ainda mais intenso, com explosão e possível estrondo audível, é chamado de “bólido”.

E não há motivo para preocupação, pois esses fenômenos são inofensivos. Quase sempre o meteoroide se desintegra completamente antes de chegar ao solo. Em raros casos, pequenos fragmentos (os chamados meteoritos) atingem a superfície.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.