O furacão Melissa, que atingiu a Jamaica na semana passada, empatou como um dos mais potentes já registrados no Atlântico.
A força inédita do ciclone foi alimentada por temperaturas recordes da superfície do mar, uma consequência direta das mudanças climáticas. Esse aquecimento, presente em todos os oceanos, está intensificando os ventos, e colocando em risco a infraestrutura de energia eólica offshore.

Temperaturas recordes e ventos extremos
- Um novo estudo publicado na Nature Communications, liderado por Yanan Zhao, da Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul da China, mostra que os ventos extremos estão ultrapassando os limites estruturais das turbinas.
- O coautor Yiheng Tao, do Banco Mundial, alerta: “Projetos eólicos estão sendo construídos em regiões onde a intensidade dos ventos está aumentando”.
- “Integrar métricas de resiliência climática será essencial para garantir confiabilidade a longo prazo”, acrescenta o pesquisador.
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Quando o vento é forte demais
Ventos mais intensos podem gerar mais energia, mas apenas até certo ponto. Quando superam o limite de carga das turbinas, causam danos, paralisações e prejuízos econômicos.
A análise de dados históricos entre 1940 e 2023 revelou que a velocidade extrema do vento aumentou em 63% das regiões costeiras, com destaque para o Pacífico Nordeste e o Atlântico Norte.
O estudo aponta que 40% dos parques eólicos offshore na Ásia e Europa já enfrentam ventos acima dos 135 km/h – o limite operacional seguro de muitas turbinas. Nos EUA, metade dos projetos planejados também está sob risco.
Os pesquisadores concluem que adaptar as turbinas e repensar a localização dos parques será essencial para manter a energia eólica como pilar da transição verde, diante de um planeta cada vez mais quente e turbulento.
