Ciclones tropicais elevam riscos de morte semanas após o evento

Pesquisa mostra que ciclones tropicais elevam mortes por doenças renais, infecciosas e cardíacas nas semanas após o desastre.
Por Maurício Thomaz, editado por Lucas Soares 07/11/2025 18h02
Ciclones tropicais aumentam mortes por doenças após desastres, aponta estudo global
Ciclones tropicais aumentam mortes por doenças após desastres, aponta estudo global (Imagem: Bilanol / Shutterstock)
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Os ciclones tropicais, também conhecidos como furacões ou tufões, estão entre os desastres climáticos mais destrutivos do planeta. Além de causarem danos físicos imediatos, como afogamentos e ferimentos, um novo estudo global revelou que seus impactos sobre a saúde se estendem por semanas após o evento, aumentando o risco de morte por várias doenças.

Ciclones tropicais e seus impactos além da destruição imediata

A pesquisa, publicada na revista científica BMJ, analisou 14,8 milhões de mortes em 1.356 comunidades de nove países, entre 2000 e 2019, que enfrentaram 217 ciclones tropicais. O levantamento envolveu regiões como Austrália, Brasil, Canadá, Coreia do Sul, México, Nova Zelândia, Filipinas, Taiwan e Tailândia.

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Pesquisa observou que riscos de morte aumentaram após a passagem dos ciclones em diversos países analisados (Imagem: Shutterstock AI)

Os cientistas observaram que os riscos de morte aumentam significativamente após a passagem dos ciclones, com o pico ocorrendo nas duas primeiras semanas. As maiores altas foram identificadas em:

  • Doenças renais: aumento de 92% nas mortes;
  • Lesões: aumento de 21% por dia de ciclone na primeira semana;
  • Diabetes: aumento de 15%;
  • Distúrbios neuropsiquiátricos: aumento de 12%;
  • Doenças infecciosas: aumento de 11%;
  • Doenças gastrointestinais: aumento de 6%;
  • Doenças respiratórias: aumento de 4%;
  • Doenças cardiovasculares e câncer: aumento de 2%.

Os pesquisadores apontam que a falta de acesso a cuidados médicos, interrupções no fornecimento de energia e transporte, além do estresse físico e psicológico, são fatores que agravam a situação. Pacientes com doenças crônicas, como insuficiência renal, são particularmente vulneráveis, pois podem ter seus tratamentos interrompidos devido a apagões ou enchentes.

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Pacientes com doenças crônicas podem ter seus tratamentos interrompidos devido a enchentes e apagões (Imagem: John Rapone / Shutterstock.com)

Chuvas intensas são mais letais que ventos, diz pesquisa

O estudo também mostrou que as chuvas provocadas pelos ciclones tropicais representam um risco maior de morte do que os ventos fortes, principalmente por doenças cardiovasculares, respiratórias e infecciosas. A contaminação da água e as inundações aumentam o risco de surtos de doenças e dificultam o acesso a serviços médicos.

De acordo com os pesquisadores, os países mais pobres sofrem de forma desproporcional, já que possuem sistemas de saúde menos estruturados e populações mais vulneráveis. Além disso, regiões que historicamente não enfrentavam ciclones estão agora mais expostas por causa das mudanças climáticas, o que pode ampliar os impactos futuros.

Os autores destacam que, a cada ano, os ciclones tropicais afetam mais de 20 milhões de pessoas e causam cerca de US$ 51,5 bilhões em prejuízos. Com o aquecimento global, esses eventos estão se tornando mais intensos e duradouros, exigindo novas estratégias de preparação e resposta.

Os países mais pobres sofrem mais que os mais ricos com a passagem dos ciclones (Imagem: BEST-BACKGROUNDS/Shutterstock)

Para mitigar os efeitos, o estudo recomenda que os sistemas de saúde e meteorologia adotem medidas integradas, como incluir dados epidemiológicos nos alertas climáticos, fortalecer o atendimento em comunidades vulneráveis e ampliar o foco dos planos de emergência para além dos danos físicos imediatos.

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Maurício Thomaz
Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista com mais de 13 anos de experiência, tenho faro pela audiência e verdadeira paixão em buscar alternativas mais assertivas para a entrega do conteúdo ao usuário.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.