Golpe do amor ainda é um problema? Saiba como se proteger, inclusive nos apps de namoro

Com a popularização da inteligência artificial, o golpe do amor ganhou novas formas e continua fazendo vítimas dentro e fora dos apps de namoro
Por Marcelo Valladão, editado por Layse Ventura 11/11/2025 04h20
Mulher faz sinal de segredo
Imagem: Dean Drobot / Shuttestock
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Em julho, uma aposentada de 62 anos no Distrito-Federal acreditava estar se envolvendo virtualmente com um homem que dizia trabalhar no Alasca e que tinha uma filha com câncer. Segundo o G1, ela chegou a transferir cerca de R$ 50 mil antes de descobrir que tudo não passava de golpe.

Já no início deste ano, na França, uma mulher descobriu que “namorava” Brad Pitt (ou ao menos, um perfil que usava a imagem dele) e perdeu cerca de R$ 5 milhões para um golpista que utilizava imagens criadas por inteligência artificial.

Os casos evidenciam que o chamado “golpe do amor” não é apenas um fenômeno isolado. Pelo contrário, ele permanece ativo, adaptando-se às novas tecnologias.

Sites de relacionamento são o ponto de partida para o golpe, é preciso estar atento aos detalhes que podem denunciar um perfil falso. (Imagem: Freepik)

Mas isso significa que o crime acabou ou mudou de formato? A seguir: o que os números mais recentes revelam, como os golpistas se reinventaram e o que você precisa saber para não virar a próxima vítima.

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O que é o golpe do amor?

O nome pode soar romântico, mas o “golpe do amor” está longe de ter final feliz. Ele é o termo usado para descrever a estratégia em que criminosos fingem interesse afetivo – seja em aplicativos de namoro, redes sociais ou até mensagens privadas – para enganar e extorquir vítimas emocional ou financeiramente.

Na prática, o golpe pode assumir duas formas principais: a versão virtual ou a presencial. Entenda as diferenças a seguir!

A versão virtual (ou “estelionato amoroso”)

É o caso mais comum, e também o tipo que atingiu a aposentada de 62 anos do Distrito Federal e a francesa que acreditava namorar Brad Pitt.

Brad Pitt
Francesa que acreditava namorar Brad Pitt perdeu cerca de R$ 5 milhões no golpe. Foto: Featureflash Photo Agency/Shutterstock

Aqui, o criminoso constrói uma relação falsa, com longas conversas, fotos e juras de amor até convencer a vítima a transferir dinheiro para resolver algum “problema urgente”.

Em geral, o criminoso diz precisar de ajuda para pagar uma cirurgia, liberar uma encomenda, comprar passagens ou custear uma emergência familiar. Nesse tipo de golpe, não há sequestro, mas há manipulação emocional.

A versão presencial (que inclui sequestro)

Em São Paulo, o termo ganhou outro significado. Ele costuma se referir a encontros combinados por aplicativos de namoro que terminam em sequestro-relâmpago.

O perfil falso atrai a vítima para um local isolado, onde comparsas a rendem e a obrigam a fazer transferências via PIX, saques ou entregas de senhas bancárias.

Conforme dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), na capital houve uma redução de aproximadamente 54% dos registros em 2023 em relação a 2022 — e, entre janeiro e junho de 2024, foram contabilizados apenas dois casos oficialmente.

Em comum, os dois tipos exploram o mesmo ponto fraco: a confiança e a esperança de viver uma história de amor. E é justamente isso que torna o golpe tão perigoso: ele mistura emoção com tecnologia, o que dificulta perceber os sinais de alerta a tempo.

Cuidado com as tentações, ou promessas irrecusáveis, podem ser falas ou iscas (Foto: Freepik)

Como se proteger do golpe do amor

Embora cada caso tenha suas particularidades, existem sinais de alerta que costumam se repetir – tanto nos relacionamentos que começam pela internet quanto nos encontros presenciais. Saber reconhecê-los é o primeiro passo para evitar prejuízos emocionais e financeiros.

Quando o relacionamento é virtual

  1. Desconfie de histórias muito trágicas ou emocionais. Golpistas costumam usar situações de emergência (doença, herança e carga presa no exterior) para justificar pedidos de dinheiro.
  2. Nunca envie dinheiro ou dados bancários. Nenhuma relação legítima começa com transferências ou PIX.
  3. Verifique a identidade. Faça uma busca reversa de imagem (no Google ou Google Lens) e veja se as fotos aparecem em outros perfis.
  4. Converse por vídeo antes de se envolver. Se a pessoa sempre recusa chamadas de vídeo, é um forte sinal de alerta.
  5. Desconfie de perfis muito “perfeitos”. Muitos criminosos usam fotos de modelos, militares estrangeiros ou celebridades. E, atualmente, com a criação de imagens com a inteligência artificial ficou ainda mais fácil se passar por outra pessoa.
Mulher preocupada no celular
Criminosos exploram a confiança em relacionamentos virtuais para aplicar golpes. Imagem: Povozniuk / iStock

Quando o encontro é presencial

  1. Marque encontros apenas em locais públicos e movimentados. Evite lugares isolados ou pouco conhecidos.
  2. Avise um amigo ou familiar. Compartilhe a localização em tempo real e combine um horário para mandar notícias.
  3. Não aceite caronas nem mudanças de local de última hora. Esse é um dos truques mais comuns das quadrilhas.
  4. Fique atento a comportamentos suspeitos. Se algo parecer estranho, saia imediatamente e acione o 190.
  5. Evite expor sua rotina nos apps. Informações como endereço, carro, profissão ou lugares que frequenta facilitam a ação de golpistas.

Se perceber que caiu em um golpe, não apague as conversas nem as provas: prints, áudios e mensagens podem ajudar na investigação. Procure imediatamente a delegacia mais próxima ou registre um boletim de ocorrência eletrônico. Nos casos com ameaça, sequestro ou violência, ligue para a Polícia Militar no 190.

Marcelo Valladão
Colaboração para o Olhar Digital

Marcelo Valladão é jornalista formado pela FIAM.Tem 20 anos no mercado, gosta de escrever sobre tecnologia, internet e mundo retrô. Atualmente é colaborador do Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.