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Até pouco tempo atrás, a Ford acreditava ter um sucesso garantido de vendas com a picape elétrica F-150 Lightning. No entanto, o cenário mudou bruscamente no final de setembro, quando o fim dos créditos fiscais federais nos EUA fez as vendas despencarem. O impacto foi severo, principalmente paras os modelos mais caros e de luxo. Agora, o futuro da Lightning é incerto já que sua produção foi interrompida e não há data para retorno.
A picape, que custa entre US$ 55.000 e US$ 85.000, é apenas um caso em uma crise muito maior. Durante anos, o mercado americano consumiu elétricos de luxo acima de US$ 80.000, como o Tesla Model S, o GMC Hummer e o Porsche Taycan. Agora, esse segmento estagnou. Os consumidores estão migrando para opções mais “populares”, na faixa de US$ 35.000, como o Chevrolet Equinox e o Hyundai Ioniq 5.
Como o fim dos subsídios impactaram a venda de carros elétricos nos EUA
O estopim para essa desaceleração foi uma mudança na política federal Americana. No fim de setembro, o Congresso dos EUA e o presidente Donald Trump eliminaram os créditos fiscais federais para veículos elétricos.
Esse incentivo era de US$ 7.500 e, embora possa parecer um desconto pequeno frente ao valor total de um carro de luxo, era a chave para viabilizar contratos de leasing (aluguel) atraentes. Sem o crédito fiscal e com a desvalorização dos elétricos usados, as parcelas dos novos contratos dispararam.

Crise nas vendas de elétricos de luxo é geral entre montadoras ocidentais
Segundo reportagem do New York Times, o impacto foi generalizado. A General Motors paralisou a fabricação do Hummer EV e retomará a fábrica em janeiro com apenas um turno diário, em vez de dois. A Tesla cortou a produção de seus três modelos de luxo, incluindo o Cybertruck.
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As europeias também sentiram o golpe: a Mercedes-Benz parou de importar sedans elétricos de luxo e a Porsche interrompeu o desenvolvimento de novos elétricos para focar em modelos a gasolina, após prejuízos operacionais.

Curiosamente, há um “lado bom” para as montadoras ocidentais: exceto pela Tesla, a maioria perdia dinheiro vendendo elétricos de luxo. Com a queda nas vendas, os prejuízos operacionais diminuem. Além disso, a decisão da Ford de parar a Lightning também foi influenciada por um incêndio em uma fábrica de fornecedores de alumínio; a empresa optou por usar o material restante nas versões a gasolina, que ainda vendem bem.
Para o futuro, a aposta é no preço baixo. A Ford planeja lançar uma picape menor em 2027 custando cerca de US$ 30.000, alinhando-se a concorrentes como Nissan e GM, que já oferecem modelos abaixo dessa faixa de preço.