No lugar mais silencioso do mundo, você consegue escutar até seu sangue

Lugar mais silencioso do mundo atinge impressionantes -24,9 decibéis, criando uma experiência sensorial de silêncio "negativo"
Por Bruno Ignacio de Lima, editado por Layse Ventura 26/11/2025 06h50
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Imagem: Vladimir Gjorgiev/Shutterstock
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Quando pensamos em silêncio absoluto, imaginamos talvez um campo isolado ou uma biblioteca vazia. Existem, de fato, lugares naturais extremamente silenciosos, como a cratera do vulcão Haleakalā, no Havaí, onde a ausência de vegetação e a profundidade da cratera protegem o local do vento, criando um ambiente onde os níveis de som podem chegar a 10 decibéis.

No entanto, para encontrar o verdadeiro campeão do silêncio absoluto, é preciso visitar um ambiente artificialmente construído para desafiar os limites da audição humana.

Segundo o Guinness World Record, o título de lugar mais silencioso da Terra pertence aos Laboratórios Orfield, localizados em Minneapolis, no estado de Minnesota nos EUA. O laboratório abriga uma câmara anecoica, um espaço projetado para absorver quase todo o som, que conquistou o recorde do Guinness Book por três vezes.

Câmara Anecoica
Na câmara anecoica dos Laboratórios Orfield, considerado o lugar mais silencioso do mundo, é possível escutar até o próprio sangue fluindo. (Imagem: Orfield Laboratories)

A medição mais recente e impressionante registrou um nível de ruído ambiente de -24,9 decibéis. Para se ter uma ideia, o zero decibel é considerado o “limite” da audição humana, ou seja, este lugar é muito mais silencioso do que o ouvido humano consegue processar naturalmente.

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O isolamento acústico é tão profundo que os visitantes relatam ouvir sons do próprio corpo que normalmente são mascarados pelo ruído do dia a dia. É possível escutar o bater do coração, o fluxo do sangue percorrendo as veias e artérias e até mesmo o som das próprias pálpebras ao piscar. Essa ausência total de eco e ruído externo pode causar náuseas e desorientação espacial.

A fama da sala gerou diversas lendas urbanas, incluindo o mito de que ninguém conseguiria “sobreviver” lá dentro por mais de 45 minutos sem enlouquecer. Essa história, contudo, não passa de boato. O mito foi derrubado quando um repórter do New York Times permaneceu na câmara por três horas seguidas.

Embora ele tenha saído ileso, a experiência confirmou que o silêncio extremo pode ser desconfortável, transformando o corpo humano na única fonte de som perceptível.

Entenda a ciência por trás do silêncio “negativo”

Câmara Anecoica
Parede de Câmara Anecoica, que permite o silêncio “negativo” (Imagem: Orfield Laboratories)

Mas como um som pode ser negativo? A resposta está na forma como medimos o barulho. A escala de decibéis é logarítmica, não linear, o que a torna diferente de uma régua comum. O “zero” decibel não significa ausência de som, mas sim o som mais baixo que um ouvido humano saudável consegue detectar. Portanto, quando os Laboratórios Orfield registram -24,9 decibéis, eles estão medindo um silêncio que vai muito além da nossa capacidade auditiva, em um ambiente que absorve 99,99% do som.

Para atingir esse nível de isolamento, a construção da câmara é uma obra-prima da engenharia acústica. O espaço utiliza cunhas de fibra de vidro e espuma para dissipar a energia sonora e evitar o eco.

Além disso, a sala inteira é construída sobre amortecedores de vibração para impedir que qualquer ruído externo “vaze” para dentro. O resultado é um local que funciona tanto como um laboratório de testes de precisão quanto como uma atração curiosa para quem deseja experimentar a verdadeira privação sensorial.

O vídeo abaixo exemplifica como essa sala absorve o som:

Bruno Ignacio de Lima
Colaboração para o Olhar Digital

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Com 10 anos de experiência, é especialista na cobertura de tecnologia e conteúdo perene. Atualmente, é colaborador no Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.