O que são First, Second e Third Party na indústria dos games?

A classificação entre first-party, second-party e third-party ajuda a entender como os jogos são produzidos e distribuídos
Por Kelvin Leão Nunes da Costa, editado por Layse Ventura 01/12/2025 03h00
God of War da Santa Monica (first-party), Pokémon da Game Freak (second-party) e Assasins Creed da Ubisoft (third-party)
God of War da Santa Monica (first-party), Pokémon da Game Freak (second-party) e Assasins Creed da Ubisoft (third-party) – divulgação/produção.
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Siga o Olhar Digital no Google Discover

A indústria dos games funciona a partir de diferentes modelos de produção e parceria entre estúdios e fabricantes de consoles. Esses formatos determinam como os jogos são desenvolvidos, financiados e distribuídos. 

É comum encontrar termos como first-party, second-party e third-party ao pesquisar sobre um título, mas muita gente não sabe exatamente o que eles significam. Essas classificações ajudam a identificar quem cria cada jogo, para qual plataforma ele é produzido e qual é a relação entre estúdios e publicadoras. 

Neste artigo, explicamos como cada categoria funciona e por que elas são fundamentais para o mercado global de videogames.

imagem mostra inúmeros consoles antigos de videogame
Consoles antigos de videogame (Reprodução: @robtek/Shutterstock)

O que são as Parties na indústria dos games?

As chamadas “Parties” classificam o relacionamento entre o estúdio que cria um jogo e a empresa responsável pelo console. Esse vínculo determina exclusividades, modelos de financiamento e estratégias de mercado.

First Party

the Last Of Us
Arte promocional do primeiro jogo de ‘The Last of Us’. Imagem: Naughty Dog/Divulgação

Os estúdios first-party pertencem diretamente à fabricante do console. Eles desenvolvem jogos exclusivamente para a plataforma da empresa-mãe e representam alguns dos títulos mais importantes de cada sistema. 

A criação de um estúdio first-party exige investimento alto, já que a fabricante precisa sustentar a equipe e assegurar que os jogos sejam lançados no tempo planejado. Em troca, a plataforma evita o pagamento de royalties a empresas externas e mantém controle total sobre seus produtos.

Sony, Microsoft e Nintendo são as três empresas com maior presença nesse modelo. A Sony opera os PlayStation Studios, com equipes como Naughty Dog, Santa Monica Studio e Insomniac Games. A Microsoft reúne seus estúdios sob o selo Xbox Game Studios, responsáveis por franquias como “Halo” e “Gears of War”. 

Já a Nintendo controla grupos como Nintendo EPD, responsável por séries como “Mario” e “Zelda”. Esses estúdios costumam definir a identidade de cada console e impulsionar vendas por meio de jogos exclusivos.

Exemplos

A Nintendo é extremamente famosa pelas suas franquias exclusivasm como Donkey Kong, Mario, Zelda, Kirby entre outras (Donkey Kong Tropical Freeze, Mario Wonder e Kirby Star Allies Nintendo/ diivulgação)

Nintendo

  • Nintendo EPD (“The Legend of Zelda”, “Mario” e “Splatoon”)
  • Retro Studios (“Metroid Prime”)

PlayStation / Sony Interactive Entertainment

  • Naughty Dog (“The Last of Us” e “Uncharted”)
  • Santa Monica Studio (“God of War”)
  • Insomniac Games (“Marvel’s Spider-Man” e “Ratchet & Clank”)

Xbox / Microsoft

  • 343 Industries (“Halo”)
  • The Coalition (“Gears of War”)
  • Turn 10 Studios (“Forza Motorsport”)
  • Bethesda Game Studios e id Software (desde a aquisição da ZeniMax)

Leia mais:

Second Party

homem segurando um bebe
Death Stranding (2019) / Crédito: Kojima Productions (divulgação)

Second-party é um termo informal usado para descrever estúdios independentes que firmam acordos de exclusividade com uma fabricante. Eles não pertencem à empresa, mas recebem financiamento ou suporte para desenvolver jogos exclusivos ou temporariamente exclusivos. O modelo oferece vantagens financeiras e criativas para os estúdios, que negociam melhores royalties por não poderem lançar o jogo em outras plataformas durante o período acordado.

Diversos estúdios já atuaram como second-party antes de serem adquiridos. A Insomniac Games tinha relação próxima com a Sony no período de “Ratchet & Clank”, antes de ser incorporada. A Playground Games passou por processo semelhante com a Microsoft após o sucesso de “Forza Horizon”. 

Há também casos de acordos específicos, como o Team Ninja, que desenvolveu “Ninja Gaiden II” em parceria com a Microsoft. Esses contratos variam conforme o projeto, a capacidade do estúdio e a estratégia da fabricante.

Exemplos

pokemon-arceus
A Game Freak é a desenvolvedora de Pokémon, que tem como plataforma exclusiva os consoles da Nintendo ( Legends: Arceus / Crédito: Game Freak – Nintendo (divulgação))

PlayStation

  • Housemarque (Returnal) – era second party por muitos anos antes de ser adquirida e virar first party;
  • Kojima Productions (“Death Stranding”, primeira versão exclusiva de PlayStation);
  • Quantic Dream (“Heavy Rain”, “Beyond: Two Souls” e “Detroit: Become Human” – todos desenvolvidos originalmente como exclusivos PlayStation).

Nintendo

  • Game Freak (“Pokémon”) – independente, mas produz jogos quase sempre exclusivos;
  • HAL Laboratory (“Kirby”) –  parceria histórica com a Nintendo.

Third Party

Assassin’s Creed Syndicate (2015) - Ubisoft
Assassin’s Creed Syndicate (2015) – Ubisoft

Termo usado para estúdios completamente independentes das fabricantes de console. Eles desenvolvem jogos para várias plataformas simultaneamente, buscando alcançar o maior público possível. A relação com as plataformas ocorre por meio de contratos e pagamento de taxas de licenciamento, prática que se consolidou após o surgimento da Activision em 1979 e foi amplamente reforçada pela Nintendo com o Famicom.

As third-parties incluem algumas das maiores empresas do setor, como Activision Blizzard, Electronic Arts, Ubisoft, Capcom e Square Enix. Elas produzem títulos populares que chegam a consoles, PC e dispositivos móveis. Apesar do alcance, esses estúdios enfrentam riscos elevados. 

Cancelamentos podem comprometer toda a operação, especialmente em equipes menores. Por isso, muitas empresas vendem seus estúdios a publishers maiores, o que transforma o grupo adquirido em equipe interna. Após a compra, esses estúdios seguem funcionando de forma autônoma, mas com maior segurança financeira e alinhamento de interesses com a publisher.

Exemplos

Jogos da franquia Dragon Quest / Crédito: Square Enix, (reprodução)
  • Ubisoft: “Assassin’s Creed”, “Far Cry” e “Just Dance”.
  • Electronic Arts (EA): BioWare (“Mass Effect” e “Dragon Age”), Respawn Entertainment (“Apex Legends” e “Star Wars Jedi”).
  • Capcom: “Resident Evil”, “Street Fighter” e “Monster Hunter”.
  • Square Enix: “Final Fantasy”, “Kingdom Hearts” e “Dragon Quest”.
  • Bandai Namco: “Elden Ring” (publicação), “Tekken” e “Tales of Arise”.

O papel dos Publishers

ea não anunciados
A Eletronic Arts (EA) é uma das principais Publishers da indústria / Imagem: Shutterstock

Os publishers são responsáveis por financiar, distribuir e comercializar os jogos. Eles funcionam como patrocinadores e gestores de marketing, garantindo que o produto chegue ao público. Também cuidam da fabricação de mídia física, da localização para outros idiomas, da revisão editorial e de todo o suporte logístico necessário. 

Publishers de grande porte frequentemente mantêm estúdios internos, embora sua principal função seja publicar.

activision
A Activision é uma das principais Publishers da indústria (Imagem: photo_gonzo / Shutterstock.com)

As first-parties atuam como publishers dos próprios jogos, enquanto estúdios third-party podem publicar seus títulos ou contratar empresas externas para essa tarefa. Publishers de grande porte, como EA, Ubisoft e Activision, conduzem campanhas internacionais e investem em blockbusters conhecidos como jogos AAA.

 Há também publishers focados em indies, como Devolver Digital, Annapurna Interactive e Raw Fury, que apoiam projetos menores e priorizam criatividade e originalidade. No segmento mobile, publishers especializados dominam estratégias de monetização e aquisições de usuários.

Desenvolvedores independentes

Hollow Knight: Silksong
Hollow Kinght da Team Cherry é um dos maiores sucessos indies dos últimos anos / Hollow Knight: Silksong. Imagem: Team Cherry / Divulgação

Os estúdios independentes, ou indies, trabalham sem vínculo direto com publishers ou fabricantes. Muitos se autopublicam e dependem da divulgação orgânica e das plataformas digitais para alcançar o público. 

O crescimento de lojas online como Steam e serviços de distribuição em consoles permitiu que mais indies lançassem seus jogos globalmente. Alguns atuam como fornecedores de ferramentas ou middleware, desenvolvendo softwares de integração usados em títulos maiores.


Amazon Prime também é feito para jogadores!

Todo mês, obtenha itens exclusivos, jogos grátis, uma assinatura gratuita na Twitch.tv e muito mais com sua assinatura Prime. Clique aqui para um teste gratuito de 30 dias.

Kelvin Leão Nunes da Costa
Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista formado pela Anhembi Morumbi, ama futebol e cinema. Cursou engenharia antes de descobrir sua paixão pelo jornalismo. Atualmente é analista de conteúdo e colaborador no Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.