Pela 1ª vez! Cientistas flagram minutos cruciais antes das maiores explosões solares

Observações foram feitas pelo telescópio solar GREGOR, que acompanhou a região ativa NOAA 14274
Rodrigo Mozelli04/12/2025 18h28
Exemplo de explosão solar
Explosão do lado oculto do Sol capturada pelo Observatório Solar e Heliosférico (SOHO), com cores alteradas por inteligência artificial (IA) (Imagem: SOHO via Spaceweather.com; edição: Gemini)
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Uma série de imagens de altíssima definição registradas no início de novembro proporcionou aos cientistas uma visão inédita dos instantes que antecedem explosões solares do tipo X — as mais poderosas do Sol.

As observações foram feitas pelo telescópio solar GREGOR, localizado no Observatório do Teide, em Tenerife (Espanha), que acompanhou a região ativa NOAA 14274 pouco antes de duas grandes erupções solares.

Manchas solares flagradas
Observações da região solar ativa NOAA 14274 em vários comprimentos de onda pouco antes da emissão de uma erupção solar de magnitude 1,2 (Imagem: AIP/C. Denker)

Erupções solares e seus efeitos

  • No começo de novembro, uma sequência de fortes erupções de classe X desencadeou ejeções de massa coronal que culminaram em um espetáculo auroral incomum, visível até mesmo no sul do México;
  • Para a comunidade científica, porém, o fenômeno que mais chamou atenção foram as imagens captadas minutos antes das explosões;
  • Os pesquisadores observaram a emissão de duas erupções solares — uma em 10 de novembro e outra em 11 de novembro — diretamente das manchas solares da região ativa NOAA 14274. Capturar esse tipo de evento com um telescópio baseado em solo é algo raro.

“Fortes erupções solares ocorrem na parte oculta do Sol, durante a noite, em dias nublados, quando as condições de visibilidade são ruins ou quando estão fora do campo de visão do telescópio”, afirmou em comunicado o professor Carsten Denker, do Instituto Leibniz de Astrofísica de Potsdam (AIP) e autor principal do estudo.

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Representação de energia solar no Sol
“Fortes erupções solares ocorrem na parte oculta do Sol, durante a noite, em dias nublados, quando as condições de visibilidade são ruins ou quando estão fora do campo de visão do telescópio”, segundo Denker (Imagem: muratart/Shutterstock)

Flagrando as manchas solares

Por coincidência científica, o instrumento de alta resolução FAST IMAGER, acoplado ao GREGOR, escaneou as manchas solares da região NOAA 14274 cerca de 30 minutos antes da emissão de uma erupção solar do tipo X1.2. Isso permitiu aos pesquisadores observar de perto os precursores da explosão dentro das manchas solares. A área registrada tinha aproximadamente 175 mil km por 110 mil km.

Segundo Dr. Meetu Verma, cientista solar do AIP e coautora do estudo, “As fibrilas penumbrais, que normalmente se estendem radialmente a partir do núcleo escuro da umbra, estavam fortemente curvadas e entrelaçadas”. A curvatura e entrelaçamento dessas fibrilas penumbrais indicam um campo magnético altamente tensionado, ambiente propício para uma liberação explosiva de energia — exatamente o que ocorreu logo depois.

Mais imagens do telescópio devem ser divulgadas. Somente ao longo do mês de novembro, o GREGOR produziu quase 40 mil conjuntos de dados, que agora passam por processamento e análise. A expectativa dos cientistas é que esse material revele ainda mais detalhes sobre a dinâmica solar.

Imagem do observatório Teide, onde se encontra o telescópio GREGOR
Imagem do Observatório de Teide, onde se encontra o telescópio solar GREGOR (Imagem: Dr. Ingmar Koehler/Shutterstock)

O estudo que descreve as imagens foi publicado na revista Research Notes of the AAS, em novembro de 2025.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.