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Um fenômeno observado há décadas nas proximidades do Sol acaba de ser detectado, pela primeira vez, no campo magnético da Terra. A descoberta, feita por pesquisadores da Universidade de New Hampshire, pode ajudar a compreender melhor como se formam perturbações magnéticas e aprimorar previsões sobre tempestades geomagnéticas.
A equipe formada pelos físicos Emily McDougall e Matthew Argall encontrou estruturas incomuns no plasma que circula ao redor do planeta. Esse material parecia girar lentamente antes de retornar bruscamente à sua posição original, criando dobras em formato de zigue-zague, conhecidas como magnetic switchbacks. Até então, esse tipo de estrutura era associado ao ambiente solar — especialmente às regiões onde o vento solar é impulsionado para o espaço.

Mistura de plasma solar com partículas da Terra gera deformações
Ao estudar com mais profundidade os dados obtidos pela missão Magnetospheric Multiscale, da NASA, os pesquisadores perceberam que parte do plasma preso ao campo magnético terrestre não tinha origem local. Ele vinha diretamente do Sol e se misturava com partículas ao redor da Terra. Essa combinação criava condições ideais para a quebra e reconexão das linhas do campo magnético, mecanismo responsável pela formação dos switchbacks.
Esse comportamento é semelhante ao registrado em espaçonaves que investigam o Sol. Lá, os switchbacks surgem quando dois tipos diferentes de linhas magnéticas interagem:
- Linhas abertas, que se estendem para longe do Sol e carregam o vento solar;
- Linhas fechadas, que se curvam e retornam para a superfície solar após um curto percurso.
Quando esses dois sistemas se encontram, as linhas podem se romper e se reconectar, formando ondas em formato de “S” que liberam energia e provocam os característicos “kinks”, ou torções.

Implicações científicas e novas possibilidades de estudo
A detecção dessas estruturas no campo magnético da Terra abre caminho para análises mais profundas sobre a ocorrência de distúrbios em regiões onde diferentes plasmas se encontram. Como o processo terrestre se assemelha ao que ocorre na coroa solar, os pesquisadores acreditam que esse tipo de observação servirá como um laboratório natural para entender fenômenos solares sem depender exclusivamente de sondas enviadas a ambientes extremos.
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Segundo McDougall e Argall, as novas evidências podem “permitir estudos futuros sobre eventos semelhantes nas camadas externas do Sol, sem a necessidade de levar espaçonaves a essas condições extremas”.
O estudo, publicado no Journal of Geophysical Research: Space Physics, reforça a importância de investigar como materiais provenientes do Sol interagem diretamente com o campo magnético terrestre, um fator essencial para melhorar previsões de tempestades espaciais e proteger satélites, redes elétricas e sistemas de comunicação.