Como funciona a wood wide web e a comunicação das árvores

Entenda a "Wood Wide Web" e como estudos da Universidade de British Columbia revelam que árvores usam fungos para se comunicar e cooperar
Por Joaquim Luppi, editado por Lucas Soares 17/12/2025 06h45
Como funciona a wood wide web e a comunicação das árvores
A comunicação subterrânea também serve como uma linha direta de segurança militar - (Imagem gerada por inteligência artificial-GPT/Olhar Digital)
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Imagine que, sob seus pés, existe uma rede social complexa e pulsante, muito parecida com a nossa internet. Pesquisadores da Universidade de British Columbia (UBC), liderados pela ecologista Suzanne Simard, comprovaram que a floresta não é um aglomerado de indivíduos solitários competindo por luz, mas sim uma comunidade cooperativa conectada pela “Wood Wide Web”.

O que trafega nessa internet florestal?

Essa conexão invisível acontece graças às micorrizas, fungos simbióticos que se entrelaçam nas raízes das plantas. Não é apenas uma troca física, é um sistema de suporte mútuo onde as árvores usam esses “cabos” biológicos para negociar recursos vitais com suas vizinhas, independentemente da espécie.

De acordo com pesquisas da Dra. Suzanne Simard, da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), as árvores se comunicam.

Para visualizar melhor a complexidade dessa engenharia natural, veja abaixo o que exatamente é compartilhado através dessa fiação subterrânea:

Recurso EnviadoFunção na Rede
Carbono (Açúcares)Moeda de troca principal; árvores com acesso ao sol alimentam as que estão na sombra.
Sinais de DefesaAlertas químicos avisando sobre pragas ou doenças iminentes.
Água e NutrientesEquilíbrio hídrico e mineral entre árvores saudáveis e mudas frágeis.

Quem são as árvores-mãe?

No centro dessas redes estão as árvores mais antigas e enormes, chamadas carinhosamente pelos cientistas da UBC de “Hub Trees” ou árvores-mãe. Elas atuam como grandes servidores centrais, possuindo as conexões mais densas e sendo capazes de identificar quais mudas jovens (seus “filhos”) precisam de ajuda extra para sobreviver.

A inteligência desse sistema é comovente: quando uma árvore-mãe está morrendo, ela despeja seus recursos restantes na rede. É uma herança biológica transferida para a próxima geração, garantindo que o ecossistema continue resiliente mesmo após sua queda.

Como funciona a wood wide web e a comunicação das árvores
A comunicação subterrânea também serve como uma linha direta de segurança militar – (Imagem gerada por inteligência artificial-GPT/Olhar Digital)

Um sistema de alarme contra perigos

A comunicação subterrânea também serve como uma linha direta de segurança militar. Quando uma árvore é atacada por insetos ou herbívoros, ela não sofre em silêncio; ela envia sinais de estresse instantâneos pelas raízes para avisar as companheiras ao redor.

Ao receberem esse “aviso de perigo”, as árvores vizinhas alteram sua química interna preventivamente. O processo geralmente segue estas etapas:

  • Detecção: A árvore atacada libera compostos químicos na rede de fungos.
  • Recepção: As vizinhas captam o sinal antes mesmo de verem o predador.
  • Reação: Elas aumentam a produção de enzimas tóxicas ou alteram o sabor de suas folhas para repelir o invasor.
Como funciona a wood wide web e a comunicação das árvores
A comunicação subterrânea também serve como uma linha direta de segurança militar – (Imagem gerada por inteligência artificial-GPT/Olhar Digital)

A floresta como um superorganismo

Essas descobertas mudam radicalmente a velha ideia da “sobrevivência do mais forte”. Na verdade, a floresta prospera baseada na colaboração e no socialismo natural, onde o bem-estar do grupo fortalece a saúde individual de cada planta.

Ao caminhar em um bosque, lembre-se de que o silêncio é apenas aparente. No subsolo, há um tráfego intenso de informações e nutrição mantendo aquele ecossistema vivo, provando que a natureza é muito mais conectada e empática do que imaginávamos.

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Joaquim Luppi
Colaboração para o Olhar Digital

Joaquim Luppi é colaborador do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.