TikTok: plataforma tem acordo para venda nos EUA, diz site

Axios teve acesso a memorandos da empresa que confirmam a transação
Rodrigo Mozelli18/12/2025 20h33, atualizada em 18/12/2025 20h54
Logo do TikTok em um smartphone
Transação deverá ser concluída até 22 de janeiro (Imagem: DANIEL CONSTANTE/Shutterstock)
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O TikTok firmou um acordo para sua operação nos Estados Unidos com Oracle, Silver Lake e MGX, segundo memorando visto pelo Axios.

O plano prevê a criação da TikTok USDS Joint Venture LLC, entidade independente que ficará responsável pela proteção de dados, segurança de algoritmos, software e moderação de conteúdo no país.

A transação, que atende pressões regulatórias e busca afastar o risco de bloqueio do app no mercado estadunidense, deve ser concluída em até 120 dias a partir da ordem executiva que rege o processo, mas espera-se que termine em 22 de janeiro, segundo informações do memorando interno, cujo envio foi realizado diretamente pelo CEO da empresa, Shou Chew.

Segundo a agência de notícias, o TikTok afirmou, em comunicado, que o acordo permitirá que “mais de 170 milhões de estadunidenses continuem descobrindo um mundo de infinitas possibilidades como parte de uma comunidade global vital”.

Celular com logotipo do TikTok na tela colocado na frente de uma tela com uma imagem que metade é a bandeira dos Estados Unidos e metade é da China
Acordo põe fim a impasse que perdurava desde o ano passado (Imagem: Ascannio/Shutterstock)

TikTok nos EUA: pontos-chave do acordo

  • Criação da TikTok USDS Joint Venture LLC, com atuação independente nos EUA;
  • Controle de dados, segurança de algoritmos e moderação ficará sob a nova estrutura;
  • Estrutura acionária prevista: 50% com um consórcio de novos investidores; 30,1% com afiliadas de investidores atuais da ByteDance; 19,9% com a ByteDance;
  • Prazo de conclusão: até 120 dias a partir da ordem executiva;
  • Movimento responde à lei aprovada em 2024 que pressiona pela venda da plataforma para evitar risco de banimento.

A joint venture também precisará “reeducar o algoritmo de recomendação de conteúdo com base em dados de usuários dos EUA para garantir que o feed de conteúdo esteja livre de manipulação externa”.

“Um parceiro de segurança confiável será responsável por auditar e validar a conformidade com os Termos de Segurança Nacional acordados, e a Oracle será o parceiro de segurança confiável após a conclusão da transação”, diz o memorando.

Leia mais:

Entenda a joint venture e o que muda para a plataforma nos EUA

O documento ao qual a Reuters teve acesso detalha que a joint venture nos Estados Unidos assumirá áreas consideradas sensíveis pelo governo estadunidense, como proteção de dados de usuários, segurança de código e algoritmos e decisões de conteúdo. A estruturação com Oracle, Silver Lake e MGX busca dar garantias técnicas e de governança para que a plataforma continue operando sem interrupções no país.

Logo da ByteDance em um smartphone em cima do teclado de um notebook
Gigante chinesa por trás do TikTok, ByteDance terá menos de 20% capital da nova empresa (Imagem: rafapress/Shutterstock)

Segundo o memorando, o capital da nova empresa será repartido entre um consórcio de novos investidores, que ficará com 50%, além de 30,1% alocados a afiliadas de investidores já ligados à ByteDance e 19,9% mantidos pela controladora chinesa. Após a conclusão do acordo, a joint venture atuará de forma independente, desenhada para responder diretamente a exigências regulatórias locais.

O prazo oficial para a venda terminou na última terça-feira (16), após ter sido prorrogado três vezes pelo presidente Donald Trump. Em setembro, ele assinou um decreto concedendo mais 90 dias para negociações com investidores estadunidenses e afirmou que havia um entendimento entre Estados Unidos e China para manter o app ativo no país. Ainda assim, caso a plataforma não fosse transferida a um grupo considerado confiável por Washington, poderia ser bloqueada.

Lei de 2024

A lei aprovada pelo Congresso em 2024 exige que a ByteDance ceda o controle da operação do TikTok nos EUA. A medida foi defendida por parlamentares como forma de evitar um possível acesso do governo chinês a dados de usuários estadunidenses.

A ByteDance nega qualquer vínculo com Pequim e afirma que os dados dos usuários nos EUA já são armazenados em servidores da Oracle no território estadunidense, com decisões de moderação também conduzidas no país.

Mesmo após reassumir a presidência, em janeiro, Trump evitou aplicar a lei de forma imediata, dizendo que a medida poderia desagradar usuários e afetar a comunicação política.

O presidente, que tem mais de 15 milhões de seguidores no TikTok e atribuiu à rede parte de sua vitória eleitoral no ano passado, viu, inclusive, a Casa Branca criar uma conta oficial na plataforma no mês passado. Há a possibilidade de que o negócio precise do aval do Congresso, etapa que pode influenciar o calendário de implementação.

Para usuários e criadores, o acordo tende a reduzir o risco de interrupção do serviço nos EUA e pode trazer maior previsibilidade às regras de conteúdo e ao tratamento de dados.

Ao fundo, bandeira dos EUA e imagem de Donald Trump; à frente, logo do TikTok em um smartphone
Plataforma teve venda postergada por Trump várias vezes (Imagem: Saulo Ferreira Angelo/Shutterstock)

Caso avance nos termos descritos, a nova governança promete endereçar os pontos mais sensíveis do debate político, sem mudanças bruscas no uso cotidiano do aplicativo. A conclusão do processo em até 120 dias dará o tom sobre a estabilidade do TikTok no maior mercado de publicidade digital do mundo.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.