Falar palavrões pode reduzir a dor e aumentar a força, diz novo estudo

Pesquisas conseguiram comprovar que o uso dos palavrões elevam o limiar de dor e melhoram o desempenho físico
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Layse Ventura 19/12/2025 06h30
xingamento
Imagem: Roman Samborskyi/Shutterstock
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Xingar ao sentir dor pode parecer apenas um reflexo impulsivo, mas a ciência vem mostrando que o hábito tem efeitos mensuráveis no corpo.

Um conjunto crescente de estudos indica que palavrões podem reduzir a percepção da dor — fenômeno conhecido como “efeito hipoalgésico dos palavrões” — e até melhorar a força e a resistência física. As conclusões mais recentes foram publicadas no periódico American Psychologist.

imagem mostra homem irritado e gritando, sentado e de frente para um notebook, enquanto fala ao celular
Xingar funciona como analgésico psicológico, aponta artigo científico (Imagem: GaudiLab/Shutterstock)

O interesse científico pelo tema ganhou força com o psicólogo Richard Stephens, da Universidade de Keele, que passou a investigar o assunto após observar o uso espontâneo de palavrões durante o parto de sua esposa.

“Xingar é uma resposta extremamente comum à dor. Deve haver uma razão para isso”, afirmou o pesquisador.

Leia mais:

Dor menor e limiar mais alto

  • Em um experimento clássico de 2009, voluntários foram convidados a manter a mão em água gelada enquanto repetiam um palavrão ou uma palavra neutra.
  • Os resultados mostraram que aqueles que xingavam relataram menos dor e conseguiram suportar o desconforto por cerca de 40 segundos a mais.
  • Estudos posteriores indicaram que o efeito é mais forte em pessoas que não costumam xingar com frequência, possivelmente porque atribuem maior carga emocional às palavras.
  • Pesquisas de acompanhamento revelaram ainda que apenas palavrões reais — e não termos inventados — elevam o limiar de dor, reforçando a ideia de que o impacto está ligado ao significado emocional da linguagem.
Efeito é mais forte em pessoas que não costumam usar palavrões – Imagem: Cookie Studio/Shutterstock

Mais força e menos inibição

Além da dor, Stephens e colegas investigaram se xingar poderia melhorar o desempenho físico.

Em testes de resistência, participantes que repetiam palavrões conseguiram sustentar o próprio peso por mais tempo do que aqueles que usavam palavras neutras. Eles também relataram maior foco, autoconfiança e sensação de “fluxo”.

Para os pesquisadores, xingar funciona como uma forma de desinibição. “É uma ferramenta simples, gratuita e disponível para dar um impulso quando precisamos ir um pouco além”, disse Stephens.

A equipe agora estuda se o efeito pode se estender a situações como falar em público ou interações sociais, em que muitas pessoas tendem a se conter.

Efeito hipoalgésico dos xingamentos é confirmado por novos experimentos – Imagem: Shutterstock/Master1305
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.