O que foi hype e o que flopou no mundo tech em 2025

Entre avanços da IA e falhas da infraestrutura digital, 2025 revelou os limites e a maturidade da tecnologia global.
Por Fabrício Carraro, editado por Bruno Capozzi 27/12/2025 07h00
Em 2025, a IA avançou de forma decisiva, com agentes autônomos mostrando alto potencial, ainda que careçam de maior previsibilidade para operar com segurança em larga escala.(Imagem: KanawatTH/iStock)
Em 2025, a IA avançou de forma decisiva, com agentes autônomos mostrando alto potencial, ainda que careçam de maior previsibilidade para operar com segurança em larga escala.(Imagem: KanawatTH/iStock)
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O ano de 2025 mostrou que a tecnologia continua avançando em ritmo acelerado, mas com aprendizados importantes sobre onde estão os limites reais. Agentes de IA totalmente autônomos, vistos como uma das grandes promessas do ano, avançaram bastante, mesmo que ainda não tenham entregado, de forma consistente, tudo o que o entusiasmo inicial sugeria.

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Esses sistemas automatizam tarefas, interagem com outros agentes e executam ações em nosso nome, e com isso, já mostram um potencial enorme, mas ainda precisam ganhar maior robustez e previsibilidade para operar com segurança em escala. Ainda assim, 2025 deixou claro que estamos bem perto: o “quase” de agora parece mais um degrau de maturidade do que uma frustração, e a tendência é evoluirmos mais nessa direção.

Isso não significa que a inteligência artificial tenha frustrado as expectativas em 2025. Pelo contrário, os avanços foram significativos. A verdade é que nunca se falou tanto de IA… e nunca se usou tanta IA.

Com isso, podemos afirmar que a IA se consolidou, neste ano, como a área mais relevante da tecnologia. Essa tendência já havia sido indicada pelo estudo global da IEEE e foi reforçada pelas inúmeras aplicações em textos, imagens, vídeos e códigos. A expansão dessas capacidades acelerou a produtividade e impulsionou a educação digital em uma escala inédita e, mesmo trabalhando diariamente com tecnologia, ficou claro que 2025 foi um ano realmente diferenciado para o setor.

Um homem segura na mão uma holografia de um cérebro com um chip de inteligência artificial
Longe de frustrar expectativas, a inteligência artificial consolidou-se como o eixo central da tecnologia, impulsionando produtividade, educação digital e novas aplicações multimodais.
(Imagem: Shutter2U/iStock)

Com esse avanço, cresceu também a necessidade de mecanismos mais sofisticados para combater a desinformação e garantir autenticidade, o que impulsionou a criação de plataformas de governança de IA voltadas à ética, transparência e rastreabilidade, especialmente no ambiente corporativo. Ao mesmo tempo, a corrida pela superinteligência dominou os debates ao longo do ano. O desafio é manter os avanços sem perder de vista responsabilidades legais, sociais e de direitos autorais, que ainda evoluem mais lentamente que a tecnologia.

Blockchain, hiperautomação e a transformação silenciosa das empresas

Enquanto algumas tendências não entregaram tudo o que prometeram, outras amadureceram de forma marcante. A integração do blockchain ao sistema financeiro deixou de ser um teste e amadureceu visivelmente. Stablecoins passaram a compor o fluxo de pagamentos internacionais de bancos e fintechs, reduzindo custos e acelerando remessas. Foi um ano em que o blockchain deixou de ser tratado como curiosidade e passou a ocupar uma camada prática da infraestrutura econômica.

A hiperautomação também se firmou como uma das grandes forças de transformação empresarial, sendo capaz de reorganizar cadeias inteiras de operação, eliminando tarefas repetitivas e permitindo decisões baseadas em dados em tempo real. A tendência já alcança o setor financeiro, a indústria e até órgãos públicos, desenhando um futuro em que gestão e tecnologia se tornam indistinguíveis.

Os apagões digitais de 2025 e a urgência de uma internet mais resiliente

Se 2025 foi um ano de maturidade para várias tecnologias, também foi um ano revelador sobre a fragilidade da infraestrutura global. Em novembro, um problema nos servidores da Cloudflare tirou do ar parte significativa da internet, afetando desde redes sociais até plataformas de criação e serviços corporativos.

A Cloudflare opera como uma espécie de posto de controle entre sites e usuários, protegendo contra ataques e acelerando carregamentos. Quando ela falha, o impacto é imediato e sentido tanto pelo público final quanto pelas empresas.

Ilustração representando uma cadeia blockchain
Blockchain e hiperautomação amadureceram silenciosamente, integrando-se ao sistema financeiro e transformando operações empresariais e públicas com decisões em tempo real.
Imagem: phive/Shutterstock

O evento reacendeu alertas que já haviam surgido semanas antes, quando a AWS enfrentou uma falha global provocada por um bug no DynamoDB. A instabilidade atingiu dezenas de plataformas e durou um dia inteiro, afetando serviços amplamente utilizados no Brasil e no mundo. Esses episódios se somam a ocorrências recentes, como o colapso de 12 horas da AT&T e a pane da CrowdStrike no ano anterior, que paralisou hospitais, cancelou voos e gerou prejuízos bilionários. O padrão revela uma dependência excessiva de poucas empresas que concentram parte expressiva do tráfego digital mundial.

Apesar dos transtornos, cada apagão acelera discussões fundamentais sobre arquitetura distribuída, diversificação de provedores e resiliência digital. Esses incidentes têm impulsionado investimentos em redundância e modelos mais descentralizados, o que é positivo para o futuro da internet. O resultado é um movimento consistente em direção a uma infraestrutura menos vulnerável, capaz de acompanhar a velocidade com que novas soluções tecnológicas chegam ao mercado.

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O ano de 2025 termina como um período de contrastes produtivos: enquanto a IA segue acelerando e mudando a rotina do mundo de maneira impressionante, os apagões cibernéticos ainda nos deixam um pouco “sem rumo”, lembrando o quanto dependemos de sistemas sensíveis. Mas, no final, fico entusiasmado com o que já construímos, e ainda mais curioso para descobrir o que vem por aí. Se este ano foi intenso, 2026 promete ser daqueles que mal deixam a gente piscar com tudo que vai acontecer.

Fabrício Carraro
Colunista

Program Manager na Alura, maior ecossistema de educação em tecnologia do Brasil

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.