A NASA se prepara para responder ao relatório emitido pelo Conselho de Revisão Independente sobre a Mars Sample Return, delineando os próximos passos para da missão cujo objetivo mira a exploração planetária. Mas questões sobre a contaminação por micróbios marcianos preocupam alguns setores.

Para quem tem pressa:

  • A NASA se prepara para responder ao relatório do Conselho de Revisão Independente sobre a Mars Sample Return, delineando os próximos passos da missão que visa a exploração planetária internacional;
  • Preocupações sobre a contaminação por micróbios marcianos levaram ex-membros do governo dos EUA a liderar a Comissão Bipartidária de Defesa Biológica – ou seja, o assunto chamou atenção tanto de democratas quanto de republicanos;
  • A “Astrobiodefesa” surge como uma abordagem crucial para prevenir a contaminação de ambientes extraterrestres com organismos terrestres e proteger contra possíveis ameaças biológicas resultantes da exploração espacial;
  • A necessidade de investir em pesquisa, desenvolvimento de tecnologias médicas e aprimoramento da biovigilância são apontadas como medidas essenciais para garantir a segurança e a integridade tanto no espaço quanto na Terra diante dos desafios apresentados pela exploração espacial.

Tais preocupações levaram a ex-Secretária de Saúde dos EUA (cargo semelhante ao de ministro da saúde no Brasil) Donna Shalala, e Susan Brooks, ex-procuradora e congressista, a liderarem a Comissão Bipartidária de Defesa Biológica. Neste caso, o “bipartidária” significa que o assunto tem a atenção de democratas e republicanos.

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A intenção de trazer amostras de Marte de volta à Terra tem sido objeto de controvérsias em alguns setores. O jornal Houston Chronicle, por exemplo, publicou recentemente um artigo recentemente: “Os EUA estão prontos para extraterrestres? Não se forem micróbios”.

“A exploração espacial proporciona alguns dos maiores desafios e oportunidades de nosso tempo. Mas à medida que avançamos mais no desconhecido, também nos expomos a perigos novos e previamente não previstos”, escreveram Shalala e Brooks no artigo.

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Micróbios extraterrestres

Montagem de motor de foguete com microscópio
(Imagem: Comissão Bipartidária de Defesa Biológica dos EUA)

Enquanto muitos debatem a possibilidade de vida avançada e inteligente em outro lugar, poucos consideram a probabilidade de microorganismos alienígenas não inteligentes. Essas formas de vida podem existir em outros planetas ou luas, pegar carona em espaçonaves ou mover-se pelo universo nos asteroides que habitam.

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Eles também podem ser micróbios terrestres que sofrem mutação ou evoluem em resposta ao estresse do voo espacial, tornando-se mais virulentos, resistentes ou invasivos. Ambos representariam uma séria ameaça à saúde pública, segurança e proteção de humanos, animais e plantas que operam no espaço ou vivem na Terra.

Entra aqui a “Astrobiodefesa”, como Shalala e Brooks chamam. Trata-se de uma expressão ancorada na defesa contra ameaças biológicas no espaço e na Terra resultantes da exploração espacial.

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‘Astrobiodefesa’

(Imagem: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital)

Existem dois objetivos, segundo a Shalala e Brooks:

  • Prevenir a contaminação de ambientes extraterrestres com organismos terrestres;
  • Impedir que micróbios extraterrestres ou terrestres mutados prejudiquem os habitantes da Terra.

“Por mais fantástico que possa parecer, a astrobiodefesa não é nem hipotética nem fictícia”, observam, pedindo atenção e ação urgentes. “Para os Estados Unidos, a NASA já iniciou programas para prevenir a contaminação para frente e para trás, garantir a saúde e segurança dos astronautas e identificar e controlar riscos biológicos. A FAA [Administração Federal de Aviação] também é responsável por monitorar as cargas úteis dos voos espaciais comerciais e como elas podem afetar a saúde pública.”

No entanto, agora, escrevem elas, dado o aumento das missões ao espaço, os perigos potenciais estão se acumulando. “Missões recentes, por exemplo, trouxeram amostras do asteroide Bennu e pretendiam deixar restos humanos na Lua. Precisamos fazer mais e logo”, acrescentam.

O que fazer, então?

Ilustração de foguete da missão Mars Sample Return, da NASA, decolando de Marte
(Imagem: NASA/JPL-Caltech)

A dupla afirma que os EUA precisam investir em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e contramedidas médicas para detectar, diagnosticar, tratar e prevenir doenças no espaço e na Terra. Além disso, elas apontam a necessidade de aprimorar a “biovigilância” e monitoramento de sintomas para rastrear e analisar ameaças biológicas relacionadas ao espaço em tempo real.

Por fim, Brooks e Shalala escrevem: “Temos o dever de nos proteger e proteger nosso planeta dos perigos do desconhecido e de preservar e respeitar a integridade e diversidade da vida no universo.”

P.S: “Podemos garantir que nossa busca por descobertas não comprometa nossa segurança e sobrevivência. Vamos antecipar esse problema antes de estarmos ‘prontos’ para o lançamento.”