O Brasil, reconhecido por suas vastas riquezas minerais como minério de ferro, ouro e pedras preciosas, destaca-se por ser um dos únicos países a extrair nióbio em larga escala. Este metal de nicho, amplamente utilizado para fortalecer ligas metálicas, está ganhando nova atenção como matéria-prima essencial para a transição energética global, especialmente em baterias para veículos elétricos.

A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), principal produtora global de nióbio, está na vanguarda das novas aplicações deste elemento químico. Com sede em Araxá, Minas Gerais, a CBMM é responsável por aproximadamente 75% da oferta mundial de nióbio.

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Utilizações tradicionais e futuras do nióbio

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Nióbio brasileiro. (Imagem: RHJPhtotos / Shutterstock.com)
  • Historicamente, o nióbio tem sido utilizado para melhorar a resistência à corrosão e aumentar o ponto de fusão do aço, sendo encontrado em produtos como carrocerias de automóveis, gasodutos e reatores nucleares.
  • Seu uso também se estende a dispositivos de alta tecnologia, incluindo motores a jato e ressonâncias magnéticas.
  • No entanto, em meio à corrida global para garantir matérias-primas vitais para tecnologias modernas, o nióbio está recebendo uma atenção renovada por seu potencial em baterias elétricas.
  • “Nosso país pode se posicionar como um fornecedor muito importante de materiais para a transição energética,” disse Ricardo Lima, presidente da CBMM, à Folha de S. Paulo.
  • Lima também destacou a capacidade de carregamento rápido das baterias de nióbio como uma vantagem significativa.

Implicações geopolíticas e estratégicas

A produção de nióbio é altamente concentrada, com o Brasil fornecendo cerca de 90% da produção mundial, o que levanta questões estratégicas e geopolíticas. O Serviço Geológico dos EUA classifica o nióbio como o segundo mineral mais crítico, com 90% da produção total vindo do Brasil.

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Um relatório do Center for Strategic and International Studies (CSIS) de Washington DC destaca o envolvimento chinês na produção de nióbio e o potencial uso militar do metal como motivos para os EUA estarem atentos. “No grande tabuleiro de xadrez da geopolítica de defesa, o nióbio emergiu como uma peça de importância primordial,” dizem os pesquisadores.

Inovações em baterias e expansão de mercado

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Linha de produção VWCO, em Resende, RJ. (Imagem: Divulgação)

A CBMM está explorando o uso do nióbio em baterias de veículos elétricos. No próximo mês, a empresa irá revelar o primeiro ônibus elétrico do mundo com uma bateria contendo óxido de nióbio, em parceria com a Volkswagen e a Toshiba. A expectativa é que veículos comerciais equipados com essas baterias estejam em circulação até 2025.

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O nióbio pode substituir o grafite no ânodo das baterias, permitindo um carregamento mais rápido e reduzindo o risco de superaquecimento e explosões. No cátodo das baterias de níquel, pequenas quantidades de nióbio podem diminuir a necessidade de cobalto, um material cuja extração na África tem sido associada a abusos dos direitos humanos.

Futuro promissor

A CBMM planeja aumentar a participação de novas linhas de negócios para 30% da receita total até 2030, ante 10% atualmente. Além das baterias, outras áreas promissoras incluem vidro avançado para painéis solares, fungicidas e materiais magnéticos especiais. “O nióbio é um elemento relativamente novo, com muitas aplicações ainda a serem desenvolvidas,” observa Rafael Mesquita, diretor de tecnologia da CBMM, à Folha.

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Enquanto o mercado de aço continua sendo o principal cliente da CBMM, a empresa vê grande potencial em diversificar suas aplicações, especialmente no crescente mercado de veículos elétricos e tecnologias de energia sustentável.