Nos jogos de futebol, sempre há ao menos três profissionais em campo ao mesmo tempo. Um deles é o árbitro, cujo trabalho principal é lidar com a disciplina e decidir vantagens. Além dele, são dois árbitros assistentes, os bandeirinhas, que tomam decisões sobre o posicionamento, por exemplo.

Entretanto, erros podem ser cometidos dependendo do ângulo de visão e de muitos outros fatores. É aí que a tecnologia do VAR (Video Assistant Referee, ou  Árbitro Assistente de Vídeo) entra em ação, pois é um sistema que usa replays de vídeo para auxiliar na tomada de decisões em campo.

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VAR: o que é e como funciona árbitro de vídeo no futebol?

É difícil ficar de olho em tudo o que acontece em um campo de futebol, por isso que os árbitros podem perder alguns detalhes importantes, especialmente durante um jogo de ritmo acelerado. Para tornar as coisas mais justas, o VAR funciona como outro árbitro, posicionado fora do campo, que pode assistir a qualquer jogada em várias telas, de vários ângulos, inclusive em câmera lenta.

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Jogo de futebol. (Imagem: Jannik Skorna/Unsplash)
Jogo de futebol. (Imagem: Jannik Skorna/Unsplash)

O projeto para essa tecnologia começou em 2010 e foi formalmente aprovado pelo International Football Association Board (IFAB), o órgão que regulamenta as regras do futebol, em 2016. Em seguida, foi implementada com sucesso na Copa do Mundo de 2018, na Rússia. Quatro anos depois, foi novamente usada na Copa do Mundo de 2022, desta vez no Qatar.

O que é VAR?

O Árbitro Assistente de Vídeo é um sistema que usa replays de vídeo para auxiliar na tomada de decisões em campo no futebol. Uma equipe de três pessoas trabalha em conjunto para revisar as decisões tomadas pelo árbitro principal, junto de quatro operadores de replays.

Eles fazem isso assistindo a imagens de vídeo das ocorrências relevantes, localizados em uma sala de operação de vídeo que contém vários monitores mostrando diferentes ângulos de câmera.

Sala do VAR na Copa do Mundo 2022. (Imagem: FIFA)
Sala do VAR na Copa do Mundo 2022. (Imagem: FIFA)

O VAR pode ser usado para revisar alguns tipos de decisão, como gols e as violações que os precedem, cartões vermelhos e pênaltis. Normalmente, o processo de revisão de uma decisão funciona de duas maneiras: a equipe do VAR pode recomendar uma revisão ou o árbitro principal pode solicitar uma revisão após tomar uma decisão.

Como o VAR é apenas um consultor, o árbitro pode escolher se quer seguir o conselho ou ignorá-lo. Ou seja, árbitros não precisam verificar uma decisão, mesmo que o VAR recomende que o façam. A menos que haja um “erro claro” na decisão original, ela não pode ser anulada.

Como funciona o VAR?

Conforme mencionado, a equipe do VAR dá suporte ao árbitro a partir de uma sala de operação de vídeo centralizada (VOR, na sigla em inglês). Eles recebem imagens em tempo real por meio de uma rede de fibra ótica, acessando de 33 a 42 câmeras de transmissão usadas pelas emissoras de TV, oito das quais são de “super câmera-lenta”, das quais quatro são “ultra câmera-lenta”. Além disso, os árbitros de vídeo têm acesso a mais duas câmeras usadas para flagrar jogadas de impedimento, que não são compartilhadas com as emissoras de TV.

A partir de câmeras especiais de impedimento, operadas de forma sincronizada, um programa de computador projeta uma linha virtual sobre a imagem do campo. Muitos fatores são considerados ao calcular a posição dessas linhas, como ângulo de visão, distorção da lente e curvatura de campo. 

Campo de futebol. (Imagem: Bence Balla Schottner/Unsplash)
Campo de futebol. (Imagem: Bence Balla Schottner/Unsplash)

A calibração das câmeras e dos softwares que projetam as linhas é feita por técnicos de uma empresa chamada Hawk-Eye Innovations, levando em conta as dimensões e condições exatas do campo e do estádio no dia da partida. Isso inclui o uso de marcadores no gramado e um software de mapeamento 3D.

Por fim, o árbitro de vídeo incorpora a tecnologia de linha de gol, que determina se a bola passou ou não da linha de fundo. Sete câmeras estrategicamente posicionadas ao redor das duas metas do campo observam atentamente caso a bola cruze a linha de fundo por completo.

Além disso, um conjunto de sensores posicionados sob a grama, abaixo do gol, acompanham o posicionamento de um chip que fica dentro da bola. Então, um software cruza todas essas informações e conclui, em questão de segundos, se a bola cruzou totalmente a linha de fundo ou não, caso o árbitro dentro de campo não tenha certeza.