Desde o fim do ano passado, todas as atenções estão voltadas à rápida expansão do novo coronavírus, responsável por uma significativa epidemia no mundo. No entanto, cientistas alertam que vivemos sob uma outra pandemia há muito mais tempo: a poluição do ar.

Em artigo publicado no Cardiovascular Research, uma equipe de pesquisadores europeus evidenciou o número de mortes causadas pela poluição do ar a cada ano. De acordo com o estudo, quase 8,8 milhões de pessoas morrem anualmentepor conta da baixa qualidade do ar, que pode causar câncer pulmonar, infecções respiratórias e doenças cardíacas.

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Para facilitar o entendimento, os cientistas compararam esses números com outras crises de saúde que recebem mais atenção. Utilizando dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os pesquisadores fizeram um paralelo com HIV, doenças transmitidas por vetores (como mosquitos ou ratos) e tabagismo, por exemplo. Enfermidades propagadas por vetores, como dengue e malária, matam cerca de 700 mil pessoas por ano. Em 2018, o HIV foi responsável pela morte de 770 mil pessoas. Uma das maiores crises, o tabagismo, leva aproximadamente 7,2 milhões de pessoas à morte por ano. 

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Método de análise

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Os pesquisadores usaram um modelo atmosférico para calcular a exposição mundial a partículas e poluição por ozônio. Na sequência, esses dados foram inseridos em um novo modelo de mortalidade global, para medir o impacto da poluição do ar na redução da expectativa de vida e na mortalidade prematura específica dessa pandemia. A equipe conseguiu distinguir o impacto de diferentes tipos de poluição, constatando que a maior quantidade de poluição do ar vem de combustíveis fósseis. O que faz sentido, já que essa indústria é uma das principais responsáveis pela crise no clima.

O uso de energia, carros e usinas não se limitam ao lançamento de gases de efeito estufa que aquecem o planeta. Eles também emitem muito lixo tóxico, como ozônio e partículas de metais pesados como o chumbo, que prejudicam a saúde humana. Contudo, convencer alguém a não usar carros ou manter as luzes apagadas pode ser mais difícil do que convencer viciados em nicotina a parar de fumar.

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Apesar de o estudo colocar em perspectiva o quão perigosa é a poluição atmosférica, a ciência ainda precisa examinar mais atentamente os níveis de toxicidade entre as partículas de ar, que podem influenciar os valores. Além disso, dados sobre saúde sempre são incertos, pois podem ser categorizados erroneamente.

Via: Earther